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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Leitos hospitalares: Estadão pisou feio na bola


Mais pacientes, menos leitos

A comparação entre a variação do número de contratos de planos de saúde e a quantidade de leitos hospitalares disponíveis no País nos últimos três anos aponta para um problema social grave. Reportagem do Jornal da Tarde (JT) -10/1- mostrou que há cada vez mais usuários, mas cada vez menos vagas nos hospitais. De setembro de 2008 a setembro de 2011, o número de contratos de plano de saúde aumentou 13,5% - de 41,4 milhões para 47 milhões -, mas o número de leitos nas redes pública e privada diminuiu 10,5%, de 511,6 mil para 458,1 mil. A conta não fecha. Se já não era fácil encontrar leitos disponíveis nos hospitais conveniados aos planos de saúde ou por eles operados diretamente, daqui para a frente ficará ainda mais difícil...
..."Enquanto os ideólogos do SUS, com certo cinismo, louvam a universalização da saúde estatal, na vida real tudo o que o pequeno cidadão quer é fugir do ambiente pavoroso dos hospitais públicos", como observou o consultor da área de defesa do consumidor do JT, Josué Rios.
COMENTÁRIO: O Estadão pisou na bola. 
Pretendeu comparar laranjas com tomates e chegar a conclusão que o aumento do numero de laranjas vai dificultar a distribuição dos tomates.
A questão central é a seguinte: existem leitos hospitalares suficientes para todos. Estão mal distribuidos, mas existem.
Se uma parcela da população está adquirindo planos de saúde, isto não significa que "existem cada vez mais usuários". O que existe é um movimento quase que pendular de migração do SUS para os Planos de Saúde e destes para o SUS... dentro da MESMÍSSIMA população.
Não bastasse esta consideração "demográfica", existe outra de fundo epidemiológico. 
A melhoria das condições de vida da população muito mais que os médicos ou serviços de saúde é a grande responsável pela longevidade e diminuição da necessidade de intervenções de saúde na população (incluídas aí as internações).
Na década de 90 do século XX a necessidade estimada de internamentos no sistema público era da ordem de 10% da população/ano.
Hoje a necessidade está em torno de 7,5% da população internada por ano. O tempo médio de internação reduzido de 7 a 9 dias na década de 90 para 3 a 5 dias hoje.
Ou seja: Uma coisa é uma coisa outra coisa é outra coisa.
O "consultor" Josué Rios merece uma menção a parte. "Cinismo" dos ideólogos do SUS??? De onde ele tirou esta idéia??? Quem é cínico ao extremo é o setor privado. Que oferece o céu na hora de vender seus planos de saúde e que corre para empurrar o usuário para as portas do SUS na hora em que a coisa aperta e os custos aumentam. Cínicos ao extremo são os serviços privados de alta complexidade que dependem do SUS para sua sobrevivência, muitas vezes sendo melhor remunerados por ele do que pelos planos de saúde e que discriminam descaradamente os usuários do SUS via duplas portas, duplas agendas, fura-filas entre outros "cinismos". 

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