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domingo, 11 de agosto de 2013

“Não somos gays e essa não é uma briga de minoria”, diz jovem que dançou hit para Feliciano

no Bhaz

Os dois passageiros que dançaram o hit Robocop Gay para o deputado federal Marco Feliciano (PSC) e viraram notícia nos principais portais do país neste sábado (10) são heterossexuais, ao contrário do que afirmou o pastor em seu perfil no Twitter. A reportagem do Bhaz conversou em primeira mão com os editores de vídeo Eric Corazza e Conrado Ribeiro, que têm 26 anos. Eles contaram que decidiram fazer o protesto após perceberem que muitas pessoas que estavam no voo criticavam, ainda que de maneira contida, o político.
A postagem original do vídeo, feita no perfil de Conrado, alcançou mais de 50 mil compartilhamentos em menos de 24 horas. Na gravação, ele aparece com o amigo, que já conhece há mais de 15 anos, dançando o hit dos Mamonas Assassinas no corredor do avião. Eles chegam a cantar: “Abra sua mente, gay também é gente”. Feliciano permanece em sua cadeira lendo um livro.
O deputado afirmou, por meio de seu perfil no Twitter, que foi atacado durante o voo na manhã de sexta-feira (9). Ele postou várias mensagens logo após desembarcar às 11h50 no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. “Ao decolarmos em Brasília cerca de 10 gays me constrangeram, 2 vieram a minha poltrona gritando, cantando música bizarra”, escreveu.
Eric rebate as acusações do deputado. Durante a entrevista, ele fez questão de ressaltar que não houve excessos no protesto. “Ninguém usou palavras de baixo calão ou o xingou em nenhum momento. Não somos gays e essa não é uma briga de minoria. Queríamos demonstrar que o preconceito se encontra na cabeça do Feliciano”, disse.
Os dois jovens tiveram a ideia de cantar o sucesso dos Mamonas Assassinas após vários passageiros do voo gritarem: “Fora Feliciano!”. Para Conrado, o voo foi uma oportunidade de ter certeza que o deputado ouviria que muitos discordam de suas “ideologias fundamentalistas”. ”A nossa atitude foi respaldada por muitos recém-amigos gays que estavam no avião, mas, infelizmente, não tiveram a coragem de levantar e se manifestar criativamente. Inclusive a única violência que ocorreu no ato veio por parte de um defensor do político que tentou me agredir e tomar a minha câmera”, completou Conrado.
Os amigos ainda negaram que agentes da Polícia Federal (PF) tenham feito alguma intervenção no desembarque. O pastor Roberto Marinho, que estava ao lado de Feliciano no voo, disse, por meio de seu perfil no Twitter, que as autoridades foram acionadas quando o avião pousou e os jovens só não acabaram presos porque o deputado não quis prestar queixa. A reportagem não conseguiu contato com a assessoria de imprensa do órgão durante o fim de semana para confirmar a versão.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias ainda não esclareceu o suposto motivo que o levou a não registrar o fato, apesar de se dizer vítima de um ataque. Uma empresa de comunicação que trabalha para o deputado postou no YouTube uma versão editada do vídeo com o seguinte título: “Marco Feliciano | Agredido em Voo por Ativistas Gays”. O link foi compartilhado pelo pastor em seu perfil no Twitter.
Para Eric, o deputado está distorcendo os fatos ao se posicionar como vítima de uma agressão. Os amigos garantem que apenas manifestaram o anseio de muitos diante dos embates criados pelas declarações polêmicas dadas por Feliciano nos últimos anos. “Acredito que o mundo está carente de amor e compaixão, devemos esquecer diferenças, pois são com elas que aprendemos e evoluímos”, concluiu Eric.

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