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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Rosana Pinheiro-Machado: "Marina veio comprometida com seus parceiros empresariais e não com o ambientalismo em si."


Rosana Pinheiro-Machado no FB

Marina veio de vestida de capitalismo enfeitado no debate com a dobradinha "responsabilidade ambiental e social" - que pode ser desde a distribuição de leite uma vez por ano para criancinhas até a doação de bicicletas para as cidades (e muito mais, é claro) - e "empreendedorismo social" - um conceito mais recente, interessante e sofisticado do Nobel Muhammad Yunus, que procura modelos alternativos e distributivos de negócios entre comunidades pobres e tradicionais, buscando a sua sustentabilidade. Marina veio de mantermos o que está e tentamos melhorar o capitalismo selvagem. 
 
Mas com Itaú, minha cara, não dá. 
 
Enquanto as grandes empresas distribuem esmola, os lucros dos bancos são exorbitantes no Brasil. E a classe trabalhadora mais endividada do que nunca.

Tem muita gente bem intencionada nesse universo, verdadeiramente comprometida com causas sociais. Assim como existem projetos maravilhosos nessas áreas que devem ser mantidos e ampliados. Meu ponto é dirigidos àqueles que ainda pensam que Marina é uma alternativa à esquerda.

Marina veio comprometida com seus parceiros empresariais e não com o ambientalismo em si. Ela coloca o capitalismo enfeitado - que procura arrumar o que ele mesmo devastou - no centro de seus propósitos e, apesar de se sair muito bem na retórica, veio cheia de clichês de terceira via.

O modelo de Marina tem uma contradição, bem antiga por sinal: capitalismo e sustentabilidade é uma ilusão. É preciso lucrar por meio de um processo incessante de consumo. Não há mudança social e ambiental sem uma mudança profunda no establishment, nas estruturas econômicas e ideológicas que governam o país. Simplesmente, não é viável.

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