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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Mães tentam arrecadar dinheiro para parto em casa via financiamento coletivo

 
Já vi pessoas buscarem a ajuda do “crowdfunding”, uma “vaquinha virtual”, para tirar do papel os mais diversos sonhos. Ao entrar em um dos sites que intermedeiam esse tipo de iniciativa, como o Catarse, é fácil encontrar pessoas que buscam o financiamento coletivo para escrever um livro, filmar documentários, levar ao palco uma peça de teatro. Mas no “GoFundMe”, site gringo com o mesmo propósito, encontrei mães buscando apoiadores para financiar seu parto natural. Ao explicar o motivo que a fez buscar ajuda via financiamento coletivo, Dori, 36 anos, explicou que não tinha seguro saúde e o Medicaid, plano de saúde americano para população de baixa renda, “oferece, infelizmente, cobertura de procedimentos que eu espero não precisar para trazer minha filha ao mundo”. O que Dori desejava o plano não oferecia. “O Medicaid não cobre o pagamento de parteira, doula ou um parto em casa”, explicou.

Os doadores apareceram. Alguns deram 10 dólares, outros 50 dólares. Alguns doadores eram anônimos e outros doaram abertamente e ainda desejavam sorte a Dori. Laura, uma doula voluntária que deseja ser parteira, encorajou a mãe: “Desejo a você uma experiência recompensadora!”. Dori conseguiu 17 doadores e arrecadou apenas 555 dólares dos 2.500 pretendidos. Teve de dar à luz no hospital mesmo, mais depois de tentar ter a filha em casa, sem sucesso. “Não fui a campeã do parto em casa, mas dei à luz a uma menina linda e saudável e é isso o que importa”, escreveu ao desativar a página e agradecer seus financiadores.
Jesse Warren ainda está grávida e também busca ajuda para ter o filho longe do hospital. Ela conta que será mãe solteira e que o plano de saúde dela paga uma parte das despesas pelo parto em casa. O que ela deseja, via financiamento coletivo, é o pagamento de uma parteira que tem em seu curriculum apenas 2% de cesarianas, procedimento que quer evitar a todo custo: “Em um mundo perfeito eu não pediria ajuda, mas como mãe solteira já estou aprendendo que tenho de ser habilidosa para fazer o melhor para meu filho.E um parto natural é o melhor para mim e para o bebê”, explica. Nas contas de Jesse 4.440 dólares serão suficientes para pagar as despesas para realizar seu sonho e ainda ficar um pouco em casa com a bebê antes de ter de voltar ao trabalho. Ela já arrecadou 1.100 dólares. Se quiser ajudar ou dar uma espiada na página de financiamento coletivo de Jesse, clique aqui.

Sempre achei financiamento coletivo uma ideia genial. Filmes como “O Renascimento do Parto” foram feitos assim. Recentemente participei da campanha do documentário “Com Licença”, que também conseguiu dinheiro de doadores e já está em fase de finalização. O documentário fala sobre nossa licença maternidade curtíssima e um mercado de trabalho cheio de pressões. Procurei alguma iniciativa de mães brasileiras em sites nacionais e não encontrei. Mães que querem seus partos em casa, que tal buscar ajuda via financiamento coletivo?

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