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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A quem serve o "superávit primário"? Número de bilionários no mundo dobrou desde o início da crise financeira global

As 85 pessoas mais ricas concentram o equivalente à renda da metade mais pobre, diz Oxfam

Relatório sobre desigualdade mostra que número de bilionários dobrou desde o início da crise

no Globo


O número de bilionários no mundo dobrou desde o início da crise financeira global, em 2008, à proporção que a desigualdade avança sem controle, informou o grupo Oxfam, no relatório “Equilibre: É hora de acabar com a extrema desigualdade”, divulgado nesta quinta-feira. Segundo o documento, as 85 pessoas mais ricas do mundo possuem o equivalente à metade mais pobre da humanidade. Além disso, o clube da elite fica mais rico a cada segundo: No ano passado, estas 85 pessoas ficaram US$ 668 milhões mais ricas a cada dia. A fortuna combinada dos bilionários de hoje cresceu 124% nos últimos quatro anos, para US$ 5,4 trilhões.

O documento alerta que o ritmo crescente da desigualdade traz um risco proporcional de turbulência econômica e social. A desigualdade crescente, alertou a Oxfam, representa um retrocesso de décadas nos esforços para erradicar a miséria. O relatório detalha como os mais ricos do mundo têm mais dinheiro do que seriam capazes de gastar, ao passo que centenas de milhões de pessoas vivem sem acesso à educação e à saúde. No mesmo período, por exemplo, pelo menos um milhão de mulheres morreram durante o parto, devido à falta de serviços médicos.

A desigualdade também se expressa por gênero. Segundo o documento da Oxfam, há apenas 30 mulheres entre os mais ricos do mundo. Isso se expressa também nos salários e benefícios de executivos. Das 500 maiores empresas listadas na revista “Fortune”, só 23 são dirigidas por mulheres, mas mesmo estas mulheres tendem a receber menos para fazer o mesmo trabalho de seus pares masculinos.

Já o empresário mexicano Carlos Slim reconquistou o topo da lista dos mais ricos em 2014, revelou nesta quinta-feira o site “CNNMoney”. Por outro lado, o número de mexicanos vivendo na pobreza cresceu 3% desde 2010.

BARREIRA À PROSPERIDADE

Do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao Papa Francisco, do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Fórum Econômico Mundial há um consenso crescente de que a desigualdade é um dos desafios cruciais de nossa era e que não agir de forma a reduzi-la é prejudicial econômica e socialmente. E, segundo a Oxfam, apesar das retóricas de preocupação com o tema, pouca ação concreta tem sido desenvolvida pelos líderes mundiais.

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A divulgação do relatório da Oxfam, endossado por Graça Machel, Kofi Annan e Joseph Stiglitz, entre outros, também representa o pontapé inicial de uma nova campanha da Oxfam, visando a pressionar os líderes mundiais a transformarem retórica em ações, para melhorar as condições de vida dos mais pobres.

São necessárias ações, diz a Oxfam, para combater a evasão fiscal de corporações multinacionais e dos indivíduos mais ricos do mundo. “As grandes corporações e os indivíduos mais ricos”, diz o relatório, “têm que pagar sua justa contribuição aos cofres dos governos, de modo que os países possam atacar a desigualdade e construir sociedades mais justas.”

De acordo com Winnie Byanyima, diretor-executivo da Oxfam International, “ao contrário de ser um motor de crescimento econômico, a desigualdade extrema é uma barreira à prosperidade para a maioria das pessoas no planeta. A fortuna hoje cresce vertiginosamente e continuará assim até que os governos atuem. Não deveríamos permitir que um doutrina econômica míope e alto interesse dos ricos e poderosos nos impeçam de ver estes fatos.”

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