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sábado, 7 de março de 2015

A Gol linhas aéreas, o livre mercado e o roubo das galinhas

Muito tenho ouvido os devotos do deus Mercado reclamarem sobre o “excesso de regulamentação/intervenção do Estado na economia”.

Para os seus devotos, o deus Mercado seria o responsável pela felicidade da raça humana, nem que para isso tenha que destruir reputações, derrubar governos e arrasar com as empresas infiéis.

Eu não acredito em deus nem em deuses. Mas tenho muito medo dos profetas…

A empresa aérea Gol é uma daquelas que a gente pode considerar praticante do “capitalismo de raiz” muito ao gosto do Mercado.

Agora a tarde tentei fazer o check-in de um vôo datado para amanhã pela Gol.

Surpreendentemente não consegui marcar nenhum assento a menos que eu pagasse valores adicionais entre R$30,00 e R$40,00. Os assentos “normais” estão todos bloqueados.

Liguei no SAC da empresa e a mocinha me disse que é isso mesmo: “O check-in antecipado é uma CORTESIA da Gol, caso o cliente deseje fazer o check-in SEM pagar a mais pelo assento, deverá realiza-lo no dia da viagem lá no aeroporto. A Gol recebeu autorização da ANAC para adotar esta política.”

Liguei na ANAC para registrar queixa. A mocinha de início me disse que eu teria que me dirigir ao PROCON. Foi convencida a registrar a queixa depois que eu disse que a Gol estava usando o nome da ANAC para justificar o achaque.

Quando o cliente procede ao check-in antecipado ele diminui os custos da companhia aérea, reduz as filas e a confusão no balcão de embarque, diminui a necessidade de recursos humanos, agiliza os procedimentos da própria empresa. Não tem nada de “cortesia” na história. É uma via de mão dupla.

Bloquear os assentos de forma a induzir o cliente a pagar para realizar um procedimento que é benéfico para a própria empresa é gatunagem. 

Gatunagem nem um pouco barata, já que o impacto a maior (no meu caso) ficaria em torno de 5% do valor da passagem.

Mais ou menos parecido com o "pioneirismo" da venda do lanche de bordo que tem preços comparáveis aos de hotel 5 estrelas.

Usar de subterfúgios e agir sorrateiramente para obter ganhos sobre outrem (que está em posição de desvantagem) é desonesto, antiético e imoral.

Roubo de galinhas travestido de "livre iniciativa".

A Gol, com este seu nível de velhacaria, tem tudo para receber um grau positivo daquelas agências de avaliação de risco dos “esteitis” criadas para eternizar a vassalagem do deus Mercado.

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