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terça-feira, 24 de março de 2015

Quatro médicos da "máfia dos transplantes" são condenados por retirada ilegal de órgãos

Cláudio Carneiro Fernandes recebeu a terceira condenação em primeira instância por retirada ilegal de órgãosRecord Minas

Três deles foram levados para o presídio de Poços de Caldas; dois já tinham outra condenação

no Portal R7


Quatro médicos apontados como integrantes de uma máfia de retirada de órgãos foram condenados nesta segunda-feira (23) em Poços de Caldas, no sul de Minas. Um anestesiologista foi absolvido e uma oftalmologista teve o processo extinto por excesso de prazo. Três deles foram levados para o presídio da cidade.

Eles eram acusados de retirar rins e córneas de um paciente morto há 14 anos sem o laudo de comprovação da morte cerebral. 

O nefrologista João Alberto Góes Brandão, condenado agora a 19 anos de prisão, e o urologista, Cláudio Rogério Carneiro Fernandes, que recebeu pena de 17 anos, já tinham sido condenados por participação na retirada ilegal de tecidos do pedreiro José Domingos de Carvalho. Segundo a Justiça, para acelerar o transplante de órgãos, os pacientes em situação crítica não recebiam o tratamento adequado e tinham os tecidos retirados antes da observância do protocolo completo de confirmação da morte encefálica.

O juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro fixou penas de 18 anos para o radiologista Jeferson André Saheki Skulski e de 16 anos para o gastroenterologista Paulo César Pereira Negrão. José Júlio Balducci foi absolvido e Alessandra Queiroz Araújo teve o processo extinto.

O caso mais emblemático, que atraiu a atenção pública sobre o tema, foi a morte de Paulo Veronesi Pavesi, no ano 2000. A partir da investigação iniciada pelo próprio pai da criança, o Ministério Público descobriu outros casos e pediu a condenação dos médicos envolvidos. Três médicos - incluindo Cláudio Rogério Fernandes - foram condenados a pelo menos 14 anos de prisão pelo caso.

Cerca de dez médicos que atuavam na Santa Casa de Poços de Caldas são alvo de processos pela morte e retirada de órgãos de sete pacientes. Para isso, usavam a MG Sul Transplantes, uma central ilegal que mantinha contratos com Secretaria Estadual de Saúde. Ela foi idealizada pelo ex-deputado estadual Carlos Mosconi (PSDB), que também já dirigiu a Fhemig (Fundação Hospitalar de Minas Gerais). A Santa Casa foi proibido de fazer transplantes após as denúncias do MP, que apontaram que os mesmos médicos que atuavam na retirada dos órgãos participavam da captação de receptores. As investigações deram origem à CPI de Tráfico de Órgãos em 2004.

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