por Denize Stinghen
Estive na manifestação dos professores hoje no Centro Cívico, pois meu consultório é perto e imaginei que a coisa ia ficar feia. Decidi então ir até lá como voluntária para atender os feridos.
Fiquei horrorizada com o que presenciei: centenas de policiais com escudos, capacetes e os mais diversos tipos de armas: bombas de gás lacrimogênio, gás de pimenta, balas de borracha e outras que soltam estilhaços.
Sabendo que haviam pessoas feridas e sem atendimento atrás do cordão de isolamento, ergui as mãos e tentei me aproximar, tentando me apresentar como médica disposta a socorrê-los. A resposta quer eu tive? ARMAS APONTADAS PARA MIM! NÃO ME PERMITIRAM PASSAR!
A prefeitura cedeu um espaço no subsolo, onde foi improvisado um "ambulatório" (bancos para os feridos sentarem e cadeiras para colocar o parco material). Com a ajuda de valentes estagiárias de enfermagem, também voluntárias e que estavam lá em apoio a seus professores, triamos e atendemos durante toda a tarde. Os feridos levemente receberam um curativo rápido e os mais graves foram levados aos pronto-socorros (Cajuru, Trabalhador e Evangélico - este último, segundo informações de alguém da prefeitura, não estava aceitando os pacientes).
Os professores estavam simplesmente exercendo seu direito de livre manifestação, PACIFICAMENTE, E DISTO SOU TESTEMUNHA!!! Mesmo assim A POLÍCIA OS AGREDIU VIOLENTAMENTE, usando todas as armas que citei acima, A MANDO DO BETO RICHA (mesmo em meu pior vocabulário não consigo encontrar uma palavra para descrevê-lo) e apesar dos apelos constantes do pessoal do carro de som para que eles parassem de atirar.
Resumo? SOMENTE NO SUBSOLO DA PREFEITURA, FORAM ATENDIDOS MAIS DE 150 FERIDOS PELOS POLICIAIS, muitos deles gravemente. E garanto que foram muitos mais pois, em meio a todo aquele tumulto, muitos foram socorridos sem ter seus nomes registrados, além dos que procuraram socorro de outras formas.
Decidi relatar isto a vocês, meus amigos, para que não pairem mais dúvidas sobre o real significado da palavra TRUCULÊNCIA.
...e também sobre COVARDIA
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