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domingo, 10 de maio de 2015

(Des)governo do Bebeto Bronzeado e Mentiroso: Superintendente do HU de Londrina diz que dinheiro acabou e não descarta paralisação total

Segundo Elizabeth Ursi, redução de repasse do governo e bloqueio dos recursos próprios torna "surreal" a situação do hospital

no Jornal de Londrina


“Vivemos uma situação surreal.” Essa é a análise da superintendente do Hospital Universitário (HU) de Londrina, Elizabeth Ursi, sobre a realidade da unidade. Ela afirmou que desde o final do ano passado o hospital tem de lidar com repasses reduzidos e recursos próprios bloqueados por uma ação de contingenciamento do governo estadual. “Para se ter uma ideia, no primeiro trimestre a nossa solicitação era de um repasse de R$ 14 milhões, recebemos apenas R$ 8,5 milhões. Para o segundo trimestre o orçamento solicitado era o mesmo, mas esse dinheiro até agora não chegou.”

Sem recursos, HU de Londrina pode parar na próxima semana (Crédito: Arquivo/Jornal de Londrina)

Apesar de não confirmar o valor, a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (Seti) confirmou o contingenciamento determinado em decreto pelo governador Beto Richa (PSDB), em janeiro. Por meio da assessoria de imprensa, a pasta creditou à crise financeira do estado e do país a necessidade de reduzir os repasses que, segundo a Seti, afetou os hospitais universitários e instituições de todo Paraná. Com o aumento da arrecadação anunciada em maio – decorrente do pagamento de impostos como IPVA e DPVAT -, a situação financeira e o valor dos repasses deve se normalizar nos próximos meses.

Mas a superintendente do HU se disse receosa diante da promessa. Segundo ela, prestadores de serviço, como médicos plantonistas, não receberam o pagamento do último mês. “Eu penso como é que eu vou manter esses profissionais em maio se o mês de abril não foi pago? Será que eles irão se submeter a trabalhar mais um mês nessa condição?”, questionou. Elizabeth Ursi disse que se o repasse do governo estadual não for depositado na próxima semana o Hospital Universitário pode parar. “Todos os setores estão sendo afetados. Há risco de paralisação total.”

Falta de funcionários


Na manhã desta sexta-feira (8), o Sindicato dos Servidores Públicos Técnico-Administrativos da Universidade Estadual de Londrina (Assuel) protocolou um documento no Ministério Público para denunciar o que a categoria classifica como sucateamento do hospital. No documento, a Assuel aponta uma necessidade emergencial de contratação de 440 funcionários. Destes, 280 seriam da área da saúde (médicos, enfermeiros e técnicos) e 160 do setor administrativo.

“Mas é preciso entender que esse número pode ser ainda maior porque esse levantamento da Assuel é feito com base em vagas abertas. Não considera os funcionários que estão de licença, os que aguardam a conclusão do processo de aposentadoria, por exemplo”, destacou a superintendente do HU, Elizabeth Ursi.

A Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia garantiu que 96 funcionários – entre médicos, enfermeiros, técnicos administrativos e auxiliares operacionais – já foram aprovados em concurso e aguardam nomeação, o que deve ocorrer até julho. Para Elizabeth Ursi, a medida não resolve o problema já que o processo de contratação de funcionários temporários e definitivos deveria ocorrer de forma mais ágil. “A recolocação de um profissional concursado não poderia ocorrer em um período superior ao do contrato temporário, que é de dois anos. De forma geral, esse processo tem demorado de quatro a cinco anos, mas a demanda do hospital não para. Ao contrário, ela só cresce.”

Falta de leitos na UTI


Entre as queixas apresentadas pela Assuel ao Ministério Público está a demora para a conclusão da reforma da unidade dois da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), prometida para ser concluída até o final de 2014. “Por falta de dinheiro, essa reforma sequer foi iniciada”, lembrou o secretário-geral da Assuel, Adão Brasilino.

A situação foi confirmada pela superintendente do HU que explicou que a reforma deveria ter sido custeada por recursos próprios, como ela já havia dito ao JL em agosto do ano passado. “O que aconteceu foi que no ano passado nossos recursos já haviam sido bloqueados pela questão do contingenciamento do governo. Ficou para este ano, mas aí novamente o governo bloqueou e a obra não pode ser iniciada.”

A Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia pontuou que duas licitações para viabilizar a obra estão abertas, uma para o projeto arquitetônico e outra para os projetos complementares, como o elétrico e hidráulico. A informação foi confirmada pela superintendente do HU, que ressaltou ainda que o projeto arquitetônico já foi encaminhado para aprovação da Vigilância Sanitária. “Só falta saber se vamos ter dinheiro para isso. Aliás, dinheiro tem, mas não podemos usar”, ressaltou. Questionada sobre o valor bloqueado em caixa, Elizabeth Ursi disse preferir não comentar. Atualmente, existem 20 leitos de UTI disponíveis no Hospital Universitário de Londrina e uma fila de espera média de 10 a 20 vagas.

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