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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Mudanças no atendimento ajudam a diminuir taxa de mortalidade materna de Curitiba

via PMC

Curitiba conseguiu reduzir em 60,97% o índice de mortalidade materna nos últimos 20 anos, chegando a 32 mortes para cada grupo de 100 mil nascidos vivos em 2013. Apesar de ainda ser considerada alta por organismos internacionais de saúde, a marca está muito abaixo da média nacional (62) e da média do Paraná (40) no mesmo ano.

Em 1994, a taxa registrada na capital paranaense foi de 82 mortes/100 mil. De lá para cá, uma série de medidas foram tomadas para reverter esse quadro, como a criação do Programa Mãe Curitibana (1999). A expectativa é de que essa taxa diminua ainda mais nos próximos anos, em função de mudanças realizadas a partir de 2013, como a incorporação das novas diretrizes nacionais da Rede Cegonha, do Ministério da Saúde, e a implantação da Política Nacional de Atenção Obstetrícia e Neonatal.

O secretário municipal de Saúde, Adriano Massuda, afirma que outras medidas serão implantadas na rede básica de saúde e nos hospitais e maternidades vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS) de Curitiba, a partir do segundo semestre deste ano. “Queremos fortalecer ainda mais o atendimento à gestante durante todo o pré-natal e no momento do parto. O acompanhamento correto de todo esse período é a melhor alternativa para a futura mãe”, diz. Segundo ele, boa parte das mortes maternas está associada à hemorragia, hipertensão ou a condições médicas preexistentes agravadas durante gestação.

Para o coordenador do Programa Mãe Curitibana e da Rede Cegonha, Wagner Barbosa Dias, um dos grandes problemas para todo o sistema de saúde é o alto número de cesáreas desnecessárias, realizadas principalmente na rede privada. “A cesárea é um recurso importante para o obstetra, mas deve ser usada com cautela, somente nos casos em que o parto natural não é possível ou é desaconselhado em função das condições de saúde da gestante”, explica.

Enquanto no SUS a taxa de cesáreas é inferior a 40% do total de nascimentos, na rede privada de Curitiba esta marca passa para mais de 80%. “Além de submeter as mulheres a cirurgias desnecessárias, corre-se o risco de antecipar deliberadamente a data do parto, colocando em risco a vida do bebê também”, enfatiza o coordenador.

Investigação

Em Curitiba, o trabalho do Comitê Pró-Vida, de prevenção da mortalidade materno, infantil e fetal, tem contribuído para tornar visível a relação entre as circunstâncias e a causa de cada óbito. O Comitê é formado por técnicos da Secretaria Municipal da Saúde, profissionais de maternidades e hospitais de Curitiba, representantes das universidades, integrantes da sociedade civil e do controle social (conselho de saúde e outros). “A vigilância e a investigação de cada óbito de mulher em idade fértil vem contribuindo para aumentar a quantidade e a qualidade das informações disponíveis, para identificar as causas desses óbitos e também para propor medidas que previnam a ocorrência de novas mortes”, explica a coordenadora de Eventos Vitais do Centro de Epidemiologia da Secretaria, Maria Lucia Becker.

Avanços

Informes da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o Brasil conquistou avanços significativos na redução de mortes relacionadas à gravidez ou parto de 1990 a 2013. O Brasil reduziu sua taxa de mortes maternas em 43% desde a década de 90.

No cenário mundial, o relatório estima 289 mil mortes maternas pelas mesmas complicações em 2013 – uma queda de 45% se comparado aos 523 mil óbitos em 1990.

Em todo o mundo, apenas 11 países conseguiram atingir a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), de reduzir 75% a taxa de mortalidade materna – seis na Ásia, quatro na África e um na Europa (Romênia).

Causas

Segundo relatório da OMS, com foco nas causas globais das mortes maternas, destaca o impacto que condições médicas preexistentes – como diabetes, doença hipertensiva, aids, malária e obesidade – têm sobre a saúde da gravidez, sendo responsáveis por 28% das mortes deste tipo no mundo. Esta proporção é similar a das mortes por hemorragias graves durante gravidez ou parto, que isoladamente é a principal causa da morte materna no mundo.

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