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quinta-feira, 11 de junho de 2015

Massacre da Praça 29 de Abril: "Eles atiraram contra os professores deles no Dia Nacional da Educação"

A professora francesa Pauline Franchini escreveu um artigo sobre o confronto entre a polícia e os professores. 

no Paraná Portal


Uma grande crise social se forma no Brasil. Em Curitiba, os professores estão em greve. Além de receberem um salário extremamente baixo (equivalente a mais ou menos 600 ou 700 euros), o governador decidiu diminuir drasticamente a aposentadoria deles para aumentar os salários de outros funcionários públicos. Como se não bastasse, os salários do mês de dezembro não foram depositados, sob o pretexto de falta de recursos públicos. Ao mesmo tempo, o governador aumentou suas próprias rendas.

O estado do Paraná é um dos mais ricos do Brasil. Nos estados do nordeste, os professores recebem cerca de 250 euros para darem 40 horas de aula por semana para grupos de 50 alunos, sem um bom quadro negro, nem quantidade de carteiras suficiente para todos os estudantes. Os professores estão, então, com legitimidade, nas ruas.

E qual é a reação do estado do Paraná?

É a repressão militar com uma violência inacreditável. Sim sim. Eles atiraram contra os professores deles. As imagens surrealistas mostram pessoas feridas saindo, com sangue. Os professores, mas também os jornalistas, já que tudo é feito para que a notícia seja dada. A Rede Globo, canal que controla a televisão nacional, e que era instrumento de propaganda sob a ditadura militar, não comenta o assunto. E não é que os brasileiros simplesmente não estejam por dentro do assunto.

Quando abordam o tema, é para mostrar a suposta violência dos manifestantes. (Como piada, um policial postou uma selfie com pintura vermelha sobre o corpo para acusar os professores de vandalismo…) Outros policiais, no entanto, recusaram-se a seguir ordens e atirar. Pelo menos as verdades circulam nas redes sociais, já que o Facebook não as censura!

Em São Paulo, todos os dias sem trabalho são descontados do salário dos professores em greve, para serem transferidos aos professores substitutos e, tudo isso, apesar do direito que todos têm à greve.

Os professores já sofriam de precariedade financeira e de falta de consideração da sociedade (todos vagabundos, todos incompetentes, todos comunistas, blá blá blá). Que país é este que não investe nas escolas, explora e paga mal os professores, nega seus direitos sociais, reforça o desprezo a eles, ainda atira fogo contra esses profissionais, e agora quer lutar por mais educação e alfabetização?

Eles atiraram contra os professores deles no Dia Nacional da Educação e dois dias antes do Dia do Trabalho.

*Pauline Franchini, professora francesa que trabalha, atualmente, na Unicamp.

Tradução: Mariana Braga

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