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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Saúde mental: uma nova abordagem sobre as drogas

Para Prefeitura de Curitiba, combate é uma questão para setor de Saúde Mental

no BemParaná


Para conseguir avançar no combate e tratamento do uso de drogas, a Prefeitura de Curitiba resolveu aumentar significativamente os investimentos no Departamento de Saúde Mental, que ganhou um protagonismo ainda maior no combate às drogas com as mudanças promovidas pela Prefeitura nas políticas voltadas para o problema. Desde o começo da gestão de Gustavo Fruet, os investimentos na área praticamente dobraram, com uma alta de 91,11%. Em 2013, o setor de saúde mental contava com um orçamento de R$ 18 milhões. Em 2015, trabalha com R$ 34,4 milhões.

O incremento no orçamento do departamento reflete a alta nos custeios para a Secretaria Municipal de Saúde, que viu seu orçamento crescer 14% na comparação com 2014, saltando para R$ 1,543 bilhão neste ano, o que corresponde a 18,3% de todo o orçamento da Prefeitura. E também mostra a crescente preocupação no combate às drogas, já que o Departamento de Saúde Mental acabou sendo um dos maiores privilegiados com a alta no orçamento, com os investimentos crescendo 37,6% na comparação com 2014, quando o setor trabalhou com R$ 25 milhões.

Para enfrentar o problema, que afeta praticamente um em cada dez curitibanos (estimativas apontam que existem cerca de 150 mil usuários de drogas em Curitiba), a Prefeitura também mudou a forma de abordagem. Se antes a política antidrogas tinha um caráter repressivo e policialesco, agora a questão é encarada sob a perspectiva da assistência social e da saúde. Uma prova disso é a incorporação do Departamento de Políticas Sobre Drogas à Secretaria de Saúde, que aconteceu em março deste ano.

“Há muitos anos investe-se no aparato de segurança, na construção de presídios e na manutenção de pessoas encarceradas pela posse, pelo uso e pela comercialização de drogas, enquanto não existe estrutura pública para tratamento de dependentes, programas ressocializantes e alternativas culturais, esportivas, educativas e profissionalizantes à população, vias emancipatórias que afasta as pessoas do universo das drogas. É sobre estas ações que a política curitibana sobre drogas está debruçada no momento”, afirma Diogo Busse, que desde 2013 está na direção do Departamento de Política sobre Drogas.

De acordo com Marcelo Kimati Dias, diretor do Departamento de Saúde Mental, entre 2013 e 2014 o número de usuários que buscaram tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSad) chegou a 12 mil. Além disso, têm sido desenvolvidos diversos projetos com o intuito de facilitar o acesso dessa população vulnerável aos dispositivos públicos. Dentre eles, destacam-se o Consultório na Rua, que é uma política nacional, o Intervidas, que leva uma equipe multidisciplinar a áreas de uso de drogas visando à criação de vínculo com essa população, e as ações de reinserção de populações usuárias no mercado de trabalho, por meio de parcerias com instituições como a FIEP, o Grupo Positivo e o Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba).

PRECONCEITO AINDA DIFICULTA TRATAMENTO


“Curitiba se alinha a uma perspectiva contemporânea de desenvolver ações de inclusão, qualificação e ressocialização de usuários de drogas, oferecendo, ao mesmo tempo, tratamento a esta população. A política municipal vem sendo particularmente bem sucedida nesta área”, afirma Marcelo Kimati Dias, diretor do Departamento de Saúde Mental.

Alguns obstáculos, porém, ainda precisam ser superados. O primeiro deles é o preconceito. “Enxergamos uma questão cultural enraizada sobre um problema que precisa ser visto de outros ângulos. Ações de educação e conscientização a respeito da situação em que essas pessoas se encontram podem ajudar a transformar essa cultura. Da mesma forma, não podemos insistir em políticas de repressão sem procurarmos resolver essa situação de outras formas”, afirma o secretário de Saúde, Adriano Massuda.

Outra questão a ser resolvida diz respeito aos projetos que o Governo do Estado e a Prefeitura tocam simultaneamente. Como são antagônicos (a exemplo do que acontece em São Paulo), acabam criando empecilhos no tratamento e recuperação dos dependentes. 

“Observamos que devido às diferentes formas de abordagem da população em situação de rua pelas autoridades policiais e pelos agentes de saúde, por exemplo, muitas vezes enfrentamos obstáculos para nos aproximarmos desse público com as equipes do Consultório na Rua e do Projeto Intervidas”, afirma o secretário de Saúde, apontando ainda que a tendência é que ocorra um processo de unificação da gestão das políticas de drogas no futuro.

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