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terça-feira, 29 de setembro de 2015

‘Corremos o risco de ter um Ministério da Saúde anti-SUS’ alerta Nilton Pereira Jr

Vice-presidente da Abrasco participou do evento mobilizador para a 15ª CNS, na Fiocruz do Rio de Janeiro

na página da Abrasco


Na manhã desta terça-feira, 29 de setembro, a Biblioteca de Manguinhos recebeu estudantes, servidores, professores, e profissionais para o I Diálogo PenseSUS, um encontro de mobilização para a 15ª Conferência Nacional de Saúde – CNS, que procura instigar reflexões e contribuir para a consolidação do Sistema Único de Saúde.

Representando a Abrasco, o professor Nilton Pereira Junior (Universidade Federal de Uberlândia/Depto. Saúde coletiva / Faculdade de Medicina), vice-presidente da Associação, participou da cerimônia de abertura, ao lado de Lucia Souto (Cebes), Michely Ribeiro (Conselho Nacional de Saúde), Nísia Trindade Lima (VPEIC/Fiocruz) e Umberto Trigueiros (Icict/Fiocruz).

Nas palavras de Nilton, é uma honra participar de mais um movimento em defesa do SUS, pois o acesso a comunicação e informação são formas de garantir e efetivar o acesso aos bens públicos, ao direito da cidadania e direitos sociais – “e a saúde é um deles” lembrou Nilton.

Para o professor de Uberlândia, vivemos num ano de intensa mobilização por causa da 15ª CNS, mas ao mesmo tempo, este é um ano de intenso ataque ao direito universal à saúde – “talvez tenhamos de hoje para os próximos dias, o primeiro Ministério anti-SUS do Brasil das últimas décadas, tivemos muitos ataques ao Sistema Único nos últimos tempos mas, em 2015, o desmonte está sendo feito de forma bastante articulada por um movimento conservador, que está aflorando no Brasil” alertou Nilton. “Esse movimento não é novo, e todo mundo aqui sabe que esse movimento é estruturante no sistema brasileiro, e infelizmente está se tornando hegemonia. Vivemos hoje, depois da derrota da abertura do capital estrangeiro, um momento maior do desmonte do Sistema Único de Saúde, que nos garante cidadania, acesso, com qualidade de políticas públicas de saúde para o país inteiro”, disse Nilton.

O professor chamou a atenção para o fato de que, nos próximos dias, a conjuntura deixe o Brasil mais articulado – “essa talvez seja a oportunidade do Movimento da Reforma Sanitária, dos movimentos de esquerda, dos movimentos sociais do Brasil se realinharem, se rearticularem. Infelizmente perdemos muito tempo discutindo a institucionalização do SUS, que é necessária, mas discutimos apenas a institucionalização do SUS do ponto de vista burocrático. Nós, da Reforma Sanitária, precisamos fazer uma reflexão crítica nesse momento de crise, as crises servem para isso! Nos concentramos muito na institucionalização do SUS e diminuímos nossa vontade de dialogar, de refletir, de pensar, e de rearticular nossas forças em defesa do direito à cidadania” colocou o vice-presidente da Abrasco.

Nilton comentou ainda que o momento de crise possibilita mior responsabilidade para a ação e perguntou “qual é a conjuntura do estado brasileiro, qual é a conjuntura da aglutinação de forças dos movimentos sociais, dos movimentos em defesa do SUS e de políticas públicas, qual é o nosso sentido, qual é o nosso papel, nessa conjuntura, talvez a mais difícil dos últimos 15 anos?” e respondeu: “temos que nos esforçar para diminuir nossas pequenas diferenças e nos aproximarmos, numa pauta comum, de unificação, do consenso, do consenso possível, não do consenso que nos tira nossa identidade, mas aquele que nos unifica em defesa de uma política com maior justiça social”.

Sobre a comunicação da Reforma Sanitária, dos governos, das entidades científicas, das universidades, Nilton comentou que – “vocês que são especialistas na área de comunicação, sabem que muitas vezes nós nos comunicamos para dentro, falamos para nós próprios. Por isso presenciar encontros como este traz a esperança de poder participar de um momento de alinhamento das forças, buscando a consolidação da, espero, maior Conferencia Nacional de Saúde – em número, pois não vamos superar em importância a 8ª CNS… mas acho que em forma de reação progressista, podemos ser maiores. Daqui a 3 meses, teremos todos a oportunidade de ter o maior espaço do movimento sanitário em oposição a um Ministério que provavelmente estará desmontando o SUS de forma intensa. Nestes próximos 3 meses, nós sofreremos mas, como nunca, nós resistiremos – disso, eu não tenho dúvidas” finalizou Nilton.

As questões que permeiam os direitos humanos e as políticas de saúde em sua articulação com a comunicação e informação serão pauta de todo o I Diálogo PenseSUS – Democracia, comunicação, informação e direito à saúde: mobilização para a 15ª Conferência Nacional de Saúde. O evento continua nesta quarta-feira, 30 de setembro, na Biblioteca de Manguinhos, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. É possível assistir a toda a programação através da transmissão do canal VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz

https://www.youtube.com/user/VIDEOSAUDEFIO/

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