Carga horária foi reduzida pela metade, mas salários não foram alterados.Prefeitura diz que medida foi tomada para evitar demissões de profissionais.
no G1 PR
A Câmara de Vereadores de Campo Mourão, no centro-oeste do Paraná, autorizou a redução de carga horária de médicos do município, mas sem a redução de salários. Os profissionais da saúde vão trabalhar duas horas por dia, mas receberão salários por quatro horas de trabalho diárias
A população não gostou nada da ideia. “Eles [médicos] tinham que ficar mais, como é que vão atender toda a população”, argumenta o pedreiro Dionísio Alves Filho. “Duas horas é muito pouco para atender todas as pessoas que procuram o posto de saúde”, constata a aposentada Maria Elma Lima.
A mudança foi aprovada pela Câmara a pedido da prefeitura. Insatisfeitos com o salário de R$ 3,5 mil por mês para trabalhar quatro horas por dia, médicos da Secretaria de Saúde começaram a pedir demissão. A solução foi diminuir o horário de trabalho dos médicos, sem mexer nos salários deles.
“Há poucos dias, dez médicos pediram demissão. Profissionais que têm outros trabalhos além da prefeitura. Infelizmente, a cidade não tem tantos médicos quanto necessitamos, e os que realizam atividades nos postos de saúde, não são exclusivos”, diz o secretário de Saúde, Márcio Alencar.
Para evitar a saída de mais profissionais, a prefeitura se reuniu com eles e definiu que a solução seria a redução da carga de trabalho. “Sentamos várias vezes com eles para resolver essa situação, e chegamos ao entendimento que aumentar o valor salarial não resolveria a situação”, conclui Alencar.
Para o secretário de Saúde, a medida não vai afetar o atendimento à população, uma vez que os médicos já não vinham cumprindo a carga horária.
A prefeitura admite que os médicos não fazem as quatro horas por dia e que muitos deles nem registram o ponto. Mas, mesmo com menos tempo de trabalho, eles vão ter que continuar mantendo a cota de 16 atendimentos por dia. Isso quer dizer que cada consulta vai ter em média sete minutos, a metade do ideal segundo a Organização Mundial da Saúde.
“Nós temos médicos que registram o ponto, temos médicos que fazem o atendimento e se negavam a registrar. Temos todas as situações. Mas, temos o entendimento que se eles permanecerem duas horas, o que já acontecia, será tempo suficiente para dar atendimento de qualidade”, conclui o secretário Márcio Alencar.
Os moradores pensam ao contrário, acham que com a mudança pode faltar médicos nos postos de saúde.
“Sem essa mudança você não já conseguia ser atendido. Agora possivelmente ficaremos sem atendimento”, constata a dona de casa, Solange de Fátima Mallman.
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