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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Médicos vão trabalhar duas horas por dias em postos de Campo Mourão

Carga horária foi reduzida pela metade, mas salários não foram alterados.Prefeitura diz que medida foi tomada para evitar demissões de profissionais.

no G1 PR


A Câmara de Vereadores de Campo Mourão, no centro-oeste do Paraná, autorizou a redução de carga horária de médicos do município, mas sem a redução de salários. Os profissionais da saúde vão trabalhar duas horas por dia, mas receberão salários por quatro horas de trabalho diárias

A população não gostou nada da ideia. “Eles [médicos] tinham que ficar mais, como é que vão atender toda a população”, argumenta o pedreiro Dionísio Alves Filho. “Duas horas é muito pouco para atender todas as pessoas que procuram o posto de saúde”, constata a aposentada Maria Elma Lima.

A mudança foi aprovada pela Câmara a pedido da prefeitura. Insatisfeitos com o salário de R$ 3,5 mil por mês para trabalhar quatro horas por dia, médicos da Secretaria de Saúde começaram a pedir demissão. A solução foi diminuir o horário de trabalho dos médicos, sem mexer nos salários deles.

“Há poucos dias, dez médicos pediram demissão. Profissionais que têm outros trabalhos além da prefeitura. Infelizmente, a cidade não tem tantos médicos quanto necessitamos, e os que realizam atividades nos postos de saúde, não são exclusivos”, diz o secretário de Saúde, Márcio Alencar.

Para evitar a saída de mais profissionais, a prefeitura se reuniu com eles e definiu que a solução seria a redução da carga de trabalho. “Sentamos várias vezes com eles para resolver essa situação, e chegamos ao entendimento que aumentar o valor salarial não resolveria a situação”, conclui Alencar.

Para o secretário de Saúde, a medida não vai afetar o atendimento à população, uma vez que os médicos já não vinham cumprindo a carga horária.

A prefeitura admite que os médicos não fazem as quatro horas por dia e que muitos deles nem registram o ponto. Mas, mesmo com menos tempo de trabalho, eles vão ter que continuar mantendo a cota de 16 atendimentos por dia. Isso quer dizer que cada consulta vai ter em média sete minutos, a metade do ideal segundo a Organização Mundial da Saúde.

“Nós temos médicos que registram o ponto, temos médicos que fazem o atendimento e se negavam a registrar. Temos todas as situações. Mas, temos o entendimento que se eles permanecerem duas horas, o que já acontecia, será tempo suficiente para dar atendimento de qualidade”, conclui o secretário Márcio Alencar.

Os moradores pensam ao contrário, acham que com a mudança pode faltar médicos nos postos de saúde.

“Sem essa mudança você não já conseguia ser atendido. Agora possivelmente ficaremos sem atendimento”, constata a dona de casa, Solange de Fátima Mallman.

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