Lindsay Askins/Spot of Serendipity
“Simplesmente ouvir e acreditar que eu – uma mulher – conhecia meu histórico médico e meu corpo teria evitado o trauma de um parto cirúrgico que já me dava muito medo.
Mas um anestesista incompetente e desrespeitoso me sentenciou a uma maternidade cheia de flashbacks e ansiedade.” – Mandy, Pittsburgh, Pensilvânia
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“Depois de planejar e me educar durante minha gravidez inteira para um parto natural, na consulta da 37ª semana minha obstetra fez um exame vaginal.
Ela procurou meu cérvix e, como não conseguia encontrá-lo, perguntou, ainda com a mão dentro de mim: “Alguém já te disse que você tem uma ‘B’ enorme?” – Jen, Denver, Colorado
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“Fico triste que um evento tão monumental da minha vida tenha se tornado uma memória tão distante. Acho que tentei deixá-lo no passado para poder curtir o presente e para não me entristecer com um evento que não posso mudar.
Não quero parecer mal-agradecida.” – Brittany, Wheeling, Virgínia Ocidental
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“Não fui tratada com respeito pelos profissionais médicos, e minhas decisões a respeito da minha própria saúde foram ignoradas.
Para uma mãe saudável, com uma gravidez saudável, o parto natural deveria ser incentivado... não ridicularizado e desincentivado.” -- Angela, Richmond, Virgínia
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“Não sabia do que se tratava um parto. Não sabia que me arrependeria de estar cercada de pessoas em quem não confiava. Não sabia que podia, como mulher, estar no controle de mim mesma.
Precisava que a parteira me incentivasse. Me senti sozinha naquele hospital. Me senti fraca. Me senti fracassada. Ainda me sinto assim. Até mesmo agora, escrevendo este texto, quase dois anos depois, acho que estou em falta com minha filha.
Queria dar à luz em casa, onde ela pudesse me ver imediatamente e se sentir segura. O hospital parecia seguro, mas eu estava errada.” Bri, San Diego, Califórnia.
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“Eu não sabia que tinha alternativas, não conhecia as rotinas nem o protocolo, ou como as coisas funcionam na UTI da maternidade.
Comecei a me sentir esquisita, como se não fosse realmente a mãe dela porque não me permitiram. Tinha entrado naquela maternidade em trabalho de parto, mais feliz que nunca. Fui de um hospital para o outro, com um sentimento de derrota e vazio, em vez de um bebê saudável.
Fracassei por nós duas, e ambas sofremos por causa disso.” – Mega, Baltimore, Maryland.
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“Quando você está num estado tão grande de vulnerabilidade e não tem controle nem forças, você pode ficar bem ou então do lado oposto do espectro.
Queria que eles entendessem como cada palavra e cada ação – ou inação – faz diferença. É o corpo, o bebê, a vida de uma pessoa. Tudo tem de ser importante. Vocês deixaram uma cicatriz na minha família, para sempre.” – Meghan, New Jersey
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“Você pode ser grata e apreciar o fato de ter um bebê saudável e ainda assim ficar completamente traumatizada pela experiência do parto.
Ficar traumatizada não quer dizer que você não seja grata – são duas coisas completamente diferentes.” – Kimberly, Columbus, Ohio
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“Estou falando por tantas mulheres grandes que foram maltratadas no parto; de serem forçadas a tomar decisões que não são baseadas em evidências científicas a ouvirem que suas vaginas são gordas demais para dar o bebê à luz.
Chega! A vergonha não é uma ferramenta eficaz, e não vamos mais tolerar esse bullying.” -- Jen, Denver, Colorado
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“Acordar na UTI, respirando por aparelhos, menos de 12 horas depois de dar à luz minha filha não era algo que eu esperava. Naquela noite, alternei entre momentos de consciência e de inconsciência, tentando lembrar o que tinha acontecido e administrando minha dor.
Sempre falam para as mulheres dos riscos de [um parto normal depois de uma cesariana], mas acho que não entendi inteiramente os riscos de uma nova cesariana.
Simplesmente não me dei conta de que isso poderia acontecer comigo. Não tem sido fácil lidar com o trauma de uma enorme hemorragia pós-parto e uma histerectomia de emergência que salvou minha vida, mas compartilho minha história porque quero que as mulheres saibam que não estão sozinhas e que elas não têm de viver em isolamento.
Sou muito grata à equipe de médicos que cuidou de mim e quero que os profissionais da área saibam que uma grama de compaixão faz muito mais diferença do que eles imaginam.” – Marianne, Durham, Carolina do Norte
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“Mesmo quando os partos não ocorrem exatamente como o planejado, as mulheres com quem trabalho como doula e educadora de parto ficam muito mais contentes com suas experiências de parto quando se sentem respeitadas e apoiadas pela equipe médica.
Aqueles que cercam a mulher na hora do parto devem se lembrar que o parto não acontece no vácuo. A maneira como tratamos e respeitamos a mulher na gravidez, no parto e no começo da maternidade afeta tanto as mulheres como suas famílias no longo prazo.
O trauma no parto é em grande medida resultado do tratamento dispensado às mulheres, não do parto em si.
Se parássemos de pensar no assunto como meramente uma “questão das mulheres” e mais como uma fundação para famílias felizes, trataríamos a gravidez e o parto com a gravidade que eles exigem.” – Emily, Nova York, NY
sou neli susin, cirurgião dentista clinicando desde 1976, nasci de parto de cócoras, com parteira popular assistindo minha mãe em casa, em dezembro de 1950. Minha avó paterna morreu no parto de seu quarto filho e carregava comigo o medo do parto até a minha primeira gestação em 1973. Uma senhora da banca de revistas em frente aonde morava na época, na semana do vai e vem até o hospital me disse: "Para que ter medo? Se fosse assim tão difícil, a humanidade não estava desse tamanho" e riu. Aquela frase me fez acreditar em mim e o médico que me seguia, também dizia: "Gravidez não é doença; é só um estado, um período". Tive 3 gestações levadas a termo, a última gemelar. Não tive nenhum aborto. Todas foram com parto normal e isso foi conseguido por muito esforço pessoal, por acreditar que assim seria possível e mantendo a calma necessária para convencer a equipe, sobretudo no parto gemelar. Trabalhei com uma equipe multidisciplinar de preparação para o parto durante muitos anos quando voltei do pós doutorado no Canadá em 1998. Houvi todo tipo de relato, mas o que mais me impressionou, o que realmente me deu a força que ainda carrego, foi o de uma gestante que conheci no Hospital Getúlio Vargas em 1983. Ela relatou que seria necessário uma cesária para seu filho nascer. No entanto, ela não dispunha de dinheiro para pagar o anestesista, que na época tinha que ser pago mesmo no sistema INSS. Aí ela se arrastou até a Santa Casa e disse que ninguém lhe estendeu a mão. A Santa Casa fica uns quinhentos metros de distância. Quando chegou lá, estava suada, fedida e lhe puseram numa chuveirada gelada. O choque, o desespero, o esforço dispensado para se locomover, produziram o desencadear do parto. Seu filho nasceu de parto natural. Eu estava, quando escutei esse relato no meio da minha gestação gemelar. No dia em que minhas filhas gêmeas nasceram, Quando aconteceu o rompimento natural d'água eu estava em casa. Fui caminhando até o Hospital de Clínicas, distante duzentos metros da residência. Chegando lá, queriam imediatamente fazer cesária e pedi que aguardassem. Caminhei pelos corredores da maternidade com soro, o dia todo, vendo que as adolescentes de 12, 13, 14, pariam. Eu com meus trinta e três, era a velha. Quando não aguentei mais aceitei a cesária, só que precisavam de alguém da família que autorizasse. Bendita burocracia de cada época. Meu marido estava fora do lugar habitual, seu trabalho na universidade. As filhas maiores na casa de uma amiga e o desespero veio. Quando meu marido chegou e entrou na sala de parto, Ana e Lia já estavam nascendo, de parto natural, com seis minutos de intervalo. A medicalização doparto, sobretudo anestesia raquidiana, na maioria absoluta das vezes um ato médico desnecessário e complicador, impede que a gestante escute seu corpo e participe ativamente. Espero ter contribuído e estou aberta para diálogos.
ResponderExcluirGrato por compartilhar sua experiencia tão linda! Destaquei o teu relato como um post em separado... Ele merece ser divulgado.
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