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quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Posicionamento de Tarso Genro sobre notícias do troca-troca PT x Cunha

Tarso Genro no Facebook (hoje, 15/10/2015 há uma hora atrás)


Circula na imprensa -blogs e jornalões- de hoje, que a parte da bancada petista que obedece as orientações políticas da maioria que dirige o Partido, estaria negociando bloquear o processo de cassação de Eduardo Cunha, na Câmara Federal, em troca da sua posição de não dar o processamento, aliás ilegal, que vem promovendo, do impedimento da Presidenta. 

Sinceramente, custo a crer. Se isso, porém, for verdadeiro, deputados do PT - ressalvados os trinta e dois que assinaram o pedido de cassação de Cunha - estarão cometendo o mais grave erro coletivo, político e ético, da história da bancada. 

Trata-se da não compreensão da "interdependência necessária", entre fins e meios na política, que um partido de esquerda deve observar para criar, não somente uma referência política e programática na sociedade, mas também uma referência intelectual e moral, no espaço democrático. 

Há um golpismo em andamento, promovido pela direita neoliberal, por forças políticas tisnadas pela corrupção e por uma grande parte da mídia. Ele reproduz, aqui no Brasil, a defesa de um "ajuste" ainda mais duro para satisfazer as agências de risco e o enriquecimento sem trabalho, que caracteriza os ajustes europeus. E as armas de defesa do Governo não são uma bancada politizada e unificada nem as suas medidas econômicas e monetárias, mas a sua legitimidade colhida nas urnas e a integridade pessoal da Presidenta. 

Fazer este acordo, é "entregar a alma ao diabo". É se colocar no mesmo nível dos defensores do impedimento, que tinham - até ontem - Cunha como o seu líder mais coerente e reconhecido. 

Fazer este acordo, é confirmar a tese da "grande mídia", que a política não "vale a pena" e que todos são iguais. 

Fazer este acordo é colocar, pela primeira vez, dentro da crise, a disputa política num outro nível: ou seja, a disputa entre duas ilegitimidades, que ficarão então registradas, tanto do Governo como da Oposição. 

É também um erro político, nesta situação concreta, pois quem obtém vantagens na disputa, que se configuraria com este acordo, é a oposição golpista (nem toda ela o é), que conta, a seu favor com o massacre diário, que é feito pela grande imprensa, contra Dilma, contra o PT e contra a esquerda. 

Estaremos nós, daí, unidos com o cambaleante Cunha, em direção a uma nova condenação no Supremo! E a crise do PT, mesmo não governando, tornar-se-á ainda mais dramática.

3 comentários:

  1. Prezado Mário: com todo o respeito, achar que uma intriga do Estadão e Folha de São Paulo tem algum resquício de verdade é ingenuidade. O que você poderia ter publicado é a resposta do Presidente do PT Falcão, e não essa choradeira do Tarso Genro.
    “Não há nem haverá qualquer acordo com o parlamentar Eduardo Cunha para barrar o processo em trânsito na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados”, afirmou ao blog o presidente nacional do PT, Rui Falcão, na manhã de hoje (15). “Quem tem acerto com ele é a oposição de direita, como é público e notório.”
    “Notícias a este respeito são deslavadas mentiras ou plantações de quem eventualmente deseja semear confusão”, continuou. “Denúncias contra Cunha seguirão seu rito normal e os representantes petistas votarão conforme as provas e sua consciência, enquanto continuaremos a lutar contra o golpismo nas ruas e nas instituições, em defesa da legalidade constitucional e do mandato da presidente Dilma Rousseff.”

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    1. Prezado Antonio, O artigo do Tarso Genro fala mais ou menos o que eu próprio teria escrito. A resposta da direção do PT (assim como o desmentido do Lula) só apareceu com muito atraso depois que dirigentes perceberam o tamanho do estrago que um eventual acordo faria no que restou da base popular de apoio. Só mesmo um cego funcional (ou ingênuo) não consegue ver o nível de alopragem endêmica que assola o comado do PT. Inacreditável a vocação dos componentes do campo majoritário para exercer o papel de "aprendizes muito trapalhões de feiticeiro".

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  2. O que estou discutindo não é o valor do suposto acordo, mas é que provas há que houve uma tentativa de acordo(conforme o texto): "parte da bancada petista que obedece as orientações políticas da maioria que dirige o Partido, estaria negociando bloquear o processo de cassação de Eduardo Cunha, na Câmara Federal, em troca da sua posição de não dar o processamento, aliás ilegal, que vem promovendo, do impedimento da Presidenta." Em que reunião isso aconteceu? Quais membros da bancada que participara? Em que documento aparece esse acordo? Onde houve pronunciamento destes membros da maioria? Na TV? nos jornais? Onde estão?
    O que estou questionando é se houve mesmo essa negociação, e onde está documentada? Senão, é apenas uma notícia plantada e sem relação com a realidade. Se você ou Tarso Genro mostrarem a veracidade desta tentativa de acordo, estou com vocês. Se não, ou há um grupo privilegiado que sabe de reuniões secretas sobre acordos secretos, ou é apenas mais um factóide criado pela imprensa venal. Que vocês estão publicizando. Atenciosamente, Antonio.

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