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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Após operação da PF, hospital suspende atendimentos particulares

Levantamento dos atendimentos em Santo Antônio do Amparo será feito.
Diretores foram presos por suspeita de 'venda' de cirurgias usando o SUS.


A assessoria jurídica do Hospital Regional São Sebastião, em Santo Antônio do Amparo (MG), informou nesta quarta-feira (2) que os atendimentos particulares foram suspensos por uma decisão do corpo clínico. Nesta terça-feira (1º), a Polícia Federal prendeu diretores e funcionários do hospital por suspeita de "venda" de cirurgias usando recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e fraude no Sus Fácil por motivos eleitorais.

Ainda segundo o assessor jurídico, Pablo Avelar Carvalho, a suspensão foi necessária para fazer um levantamento dos protocolos de atendimento. Já os pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o atendimento continua sendo feito normalmente.

Após a operação da polícia, o vice-diretor da instituição, Arthur Ferreira Júnior, assumiu a direção do hospital.

Presos na operação
Após prestarem depoimento na Delegacia de Polícia Federal de Varginha (MG), os sete presos da operação foram levados para o Presídio de Três Corações (MG) onde vão cumprir prisão temporária por cinco dias.

Na terça-feira, foram presos o diretor geral do hospital, Heitor Cardoso Monteiro, o diretor administrativo, Romerito Diniz, e ainda o diretor clínico da instituição, Paulo de Tarso. Também foram detidos dois contadores e dois vereadores, que trabalhavam como enfermeiros na instituição.
Detidos em operação foram levados para delegacia
em Varginha (Foto: Reprodução EPTV)

Segundo o advogado dos diretores do hospital, e do contador Leandro Campos, os três negam participação no esquema criminoso. Pablo Carvalho disse ainda que acredita que seus clientes estão sendo investigados por fazerem parte da diretoria do hospital e que eles alegam que a acusação seria perseguição política.

O advogado Eder Carvalho Costa, que representa o vereador Júlio César Carvalho (PSC) e a vereadora Jaqueline Nogueira Machado (PMDB), disse que seus clientes também negam participação no esquema.

Já o irmão do contador Jober Lorivânios, também preso durante a operação, disse que o escritório em Varginha é apenas um prestador de serviços. Ainda segundo Clóvis Juliano Carvalho, se houve algum esquema de fraude, isso não poderia ter sido detectado pelo escritório, que apenas contabilizaria os documentos enviados pelo hospital.

Os advogados já pediram à Justiça a revogação da prisão temporária dos suspeitos. Eles podem responder por peculato, estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Esquema criminoso

A Polícia Federal identificou durante as investigações dois esquemas criminosos no hospital. De um lado, os médicos cobravam entre R$ 13 mil a R$ 18 mil por procedimentos cirúrgicos, que eram realizados usando as instalações e equipamentos custeados pelo SUS.

Desse valor, apenas cerca de 20% entrava na contabilidade do hospital e o restante era dividido entre os envolvidos no esquema. Nas contas do hospital, apareciam apenas valores entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil, segundo a polícia, para justificar gastos.

Ainda segundo o delegado, em seis meses foram realizadas ao menos 20 cirurgias pelo esquema, que pode ter movimentado cerca de R$ 400 mil.
Delegado da Polícia Federal de Varginha, Girotto,
fala sobre operação (Foto: Samantha Silva / G1)

De outro lado, os vereadores que trabalhavam como enfermeiros no hospital ofereciam cirurgias gratuitas na instituição visando as eleições no ano seguinte. Para isso, eles alteravam a sequência do Sus Fácil e conseguiam passar na frente da lista de espera os pacientes.

Os dois contadores responsáveis pelo caixa do hospital seriam responsáveis por “maquiar” a parte contábil na prestação de contas da instituição.

Segundo o delegado, a maioria das vítimas realmente necessitava dos procedimentos, e como não tinham outra saída, acabavam por pagar o valor. Os suspeitos exigiam pagamento em espécie e os pacientes não conseguiam recibo dos valores pagos.

Depois que a cirurgia era realizada, eles eram encaminhados para o retorno médico pelo SUS. Os pacientes foram liberados após prestarem depoimento.

Operação Asclépia

O nome da operação é uma referência a Asclépios, considerado o deus da cura e da medicina na Grécia antiga. Os templos de Asclépios, em Epidauro, eram considerados um refúgio para pessoas enfermas ou com algum tipo de deficiência.

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