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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Como uma maternidade de Curitiba alcançou 80% de partos normais

no Jornal Nexo

Unidade do Paraná muda procedimentos, consegue reduzir número de cesáreas e fica perto de atingir os índices recomendados pela Organização Mundial de Saúde


FOTO: EVERSON BRESSAN/SMCS


A Maternidade do Bairro Novo, em Curitiba, chegou ao índice de 80% de partos normais entre todos os nascimentos. É uma das poucas no país que se aproxima das recomendações da Organização Mundial da Saúde, que orienta que cesáreas devem corresponder a cerca de 15% dos nascimentos.

O índice alcançado pela maternidade fica mais impressionante se confrontado com o resto do Brasil: as taxas de parto normal na rede pública não passam de 60% e, na privada, não chegam a 20%. Cesarianas oferecem mais risco de vida para mãe e bebê e são indicadas apenas em caso de real necessidade.

Em agosto de 2015, por exemplo, 171 bebês nasceram na Maternidade do Bairro Novo. Apenas 38 deles foram por meio de cesarianas.

Os números são reflexo de uma mudança de gestão nos últimos dois anos. A maternidade era administrada por um hospital evangélico, passou por uma crise e, no início de 2013, quase fechou as portas. Em março daquele ano, a prefeitura assumiu o comando e implantou medidas simples e baratas de incentivo ao parto normal. São as seguintes:

Medidas adotadas na Bairro Novo

  • POSIÇÃO DO PARTO
A maior parte dos partos não é feita na posição de “litotomia”, em que as mulheres ficam deitadas com os pés apoiados para cima. As gestantes podem escolher a posição que acharem mais confortável. No Brasil, 91% dos partos normais acontecem em posição de litotomia.

  • LUGAR DO PARTO
As mulheres também escolhem o local em que preferem ficar: na cama ou chuveiro, por exemplo. Apenas uma minoria vai para o centro cirúrgico.

  • APOIO DE DOULAS
Doulas voluntárias acompanham o trabalho de parto. Doulas são mulheres que dão apoio físico e psicológico para as gestantes. Há evidências de que a presença delas pode reduzir em 25% a duração do trabalho de parto, em 60% os pedidos de anestesia e em 50% os índices de cesáreas.

  • ALÍVIO DA DOR
As gestantes têm acesso a meios de relaxamento e alívio natural da dor, como massagens, banhos terapêuticos e exercícios de respiração e com bola de pilates. Em geral, nos hospitais brasileiros, apenas 26% das gestantes têm acesso a alternativas não farmacológicas para a dor.

  • ACOMPANHANTE
A presença do acompanhante é garantida. Estar acompanhada traz às gestantes mais calma e segurança e contribui para o bem-estar geral no parto. No Brasil, porém, 24,5% das gestantes ficam sozinhas e 56,7% delas têm apenas parte do trabalho de parto em companhia de alguém de confiança.

“Tudo ocorreu de forma gradativa, já que para essa humanização é necessária uma mudança de cultura tanto das gestantes quanto dos profissionais que atuam no momento do parto”, diz Tereza Kindra, diretora da maternidade.

Desde que as medidas foram implantadas, a maternidade viu a taxa de cesarianas diminuir gradualmente. Os números têm feito mulheres que têm plano de saúde e acesso a maternidades privadas optarem pela Bairro Novo.

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