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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Leblon vaia Dilma enquanto colégio de bacanas no bairro tem larvas do mosquito



Nada caracteriza tão bem o perfil da elite brasileira como sua manifestação na noite de quarta-feira. Enquanto a presidenta Dilma Rousseff falava na TV, pedindo que a população se una e compre a briga com o mosquito que aterroriza mães por conta do risco da microcefalia, os moradores dos prédios bacanas, que custam em média R$ 1,5 milhão, batiam panela. É a senha para ofuscar a fala presidencial. Mas, no coração do bairro, um foco da doença que mata e deforma o crânio de crianças, podendo levá-las à morte. Estava no colégio Saint Patrick's, na Avenida Ataulfo de Paiva.

Para que os agentes pudessem entrar no colégio a coisa não foi fácil. Foi necessário que recorressem à Justiça. Afinal, o colégio está fechado há três anos. Mas a estrutura se mantém ali. O motivo do fechamento foi uma crise envolvendo os herdeiros do prédio e o dono do colégio que pagava (ou devia pagar aluguel). Enquanto a coisa não resolve, o imóvel vira foco de ratos, baratas e aedes Aegypti, o responsável pela transmissão da Zika, dengue e chikungunha. 

O panelaço abafou a fala e o apelo da presidenta para que a sociedade promova, com ações, a sua própria saúde. Mas o panelaço abafou também a cumplicidade da mesma elite com a sua segurança. Ninguém vai protestar contra o abandono de uma estrutura que armazena perigo de morte na esquina da sua rua. Afinal, o colégio não é do PT.

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