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sábado, 20 de agosto de 2016

A primeira traição ninguém esquece

ALEX SOLNIK* no Brasil 247

Temer pode até pensar que chegar à presidência da República será o auge da sua carreira política.

Mas ele se engana. Será o ocaso.

Ao colocar a faixa presidencial ela estará carimbada com a palavra "traição".

Ao fazer o seu primeiro discurso oficial, no dia 7 de setembro, por trás de cada palavra que pronunciar haverá outra, mais presente: traidor.

O 7 de setembro, festejado como o Dia da Independência será, daqui em diante, conhecido como o Dia da Traição.

Quem traiu uma vez, vai trair sempre.

Ele traiu a presidente da República que o elegeu.

Traiu a aliança política que garantiu ao seu partido metade do poder federal durante quatro anos.

Agora está traindo o povo brasileiro ameaçando implementar medidas rotuladas como "impopulares", mas são mais do que isso, são "desastrosas". São anti-pátria. E, se efetivadas, vão condenar ao país ao atraso e à revolta crônica.

O ministério de Temer será o ministério da traição.

Seus líderes no Congresso serão os líderes de um traidor.

Os seus aliados serão os aliados de uma traição.

O "Fora Temer" das ruas será trocado por "Temer traidor".

A cada acordo que fizer o outro lado ficará na dúvida: será que ele não vai nos trair?

Sobre cada promessa que fizer vai pairar uma nuvem: será que ele vai cumprir?

O primeiro sutiã ninguém esquece, dizia uma famosa propaganda de décadas atrás.

A primeira traição também não.

*Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão", "O domador de sonhos" e "Dragonfly" (lançamento setembro 2016).

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