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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Mais Médicos ajuda a melhorar índices de saúde de Ponta Grossa (PR)

Após três anos de criação, o programa Mais Médicos já é reconhecido como um projeto que ajudou a melhorar a saúde no país. Um exemplo de sucesso é a cidade de Ponta Grossa, no Paraná, que recebeu 60 médicos cubanos pelo programa, com um salto de 40 para 80 equipes de saúde da família no município, o que possibilitou uma cobertura de 85% da população pela atenção primária.



Com o Mais Médicos, foi possível preencher 18.240 vagas em 4.058 municípios brasileiros e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas. Dessas, 11.429 foram ocupadas pelos profissionais cubanos. Foto: OPAS

Após três anos de criação, o programa Mais Médicos já é reconhecido como um projeto que ajudou a melhorar a saúde no país. Um exemplo de sucesso é a cidade de Ponta Grossa, no Paraná, que recebeu 60 médicos cubanos pelo programa, com um salto de 40 para 80 equipes de saúde da família no município, o que possibilitou uma cobertura de 85% da população pela atenção primária.

“O programa Mais Médicos só veio possibilitar que a gente pudesse executar o nosso planejamento. Quando chegaram os profissionais, nós tivemos a possibilidade de abrir unidades de saúde, implementar o atendimento na atenção primária no município, que era super baixo”, disse Angela Pompeu, secretária de Saúde do município. “Hoje nós estamos com 85% da população sendo atendida. Para Ponta Grossa, o programa foi uma virada de página na secretaria de Saúde”.

Com aproximadamente 340 mil habitantes, Ponta Grossa é uma cidade de médio porte, que ocupa a quarta posição entre as economias mais fortes do estado do Paraná, segundo Robson Xavier, coordenador da Atenção Primária da cidade. Além de estar entre os municípios que mais recebeu médicos do programa no país, ele afirma que, com a expansão, a classe média passou a utilizar mais os serviços da rede pública de saúde.

Segundo os gestores, ainda é cedo para medir com exatidão os impactos trazidos pelo contingente de médicos alocados na cidade pelo programa, mas a melhoria nos índices já é perceptível.

“Nesse processo de expansão e qualificação da Estratégia de Saúde da Família a gente já observa a melhoria de diversos indicadores”, disse Robson. “Um indicador muito sensível e que é importante para avaliar a qualidade da atenção básica em um município é o indicador de redução da mortalidade materna e infantil. E nós temos como meta, já para o ano de 2016, alcançarmos um dígito neste quesito”.

Um caso palpável de melhoria aconteceu com chegada da médica cubana Zuleiky Leon Ruiz à Unidade Básica de Saúde Dr. Jayme Gusmann, há dois anos. Quando começou a trabalhar na unidade, Zuleiky ficou alarmada com o alto índice de uso de psicotrópicos pelos pacientes. “Eles estavam acostumados. Às vezes, chegavam aqui e já pediam a receita”, conta a médica.

Segundo a gerente da unidade, Graciane Malaquias, Zuleiky conseguiu diminuir em 80% o consumo de medicamentos para insônia, estresse e depressão entre os usuários.

“Quando fomos avaliando, vimos que eles precisavam dessa interação do paciente com médico. Também solicitamos que tomassem chá, medicinas naturais, além do trabalho em conjunto com as enfermeiras, de falar com o paciente. E explicar que esses problemas que eles têm não se resolvem tomando psicotrópicos”, declarou a médica.

Entre os 20% de pacientes restantes, considerados casos de uso de psicotrópicos com diagnóstico fundamentado, foram enviados para acompanhamento conjunto de psicólogos e psicoterapeutas que fazem parte da rede pública de saúde do município.

Zuleiky também priorizou o controle de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, que, segundo ela, tinham uma incidência muito alta na população local.

Uma das iniciativas da unidade para promover uma vida mais saudável na região foi a “Caminhada da Saúde”, encontros que acontecem duas vezes por semana no qual os usuários são convidados a caminhar, se exercitar e medir periodicamente a pressão e a glicemia.

“Como sou pré-diabética, para mim foi interessante”, disse Lucimar Siqueira, paciente da unidade, elogiando Zuleiky, que segundo ela é “muito legal e atenciosa”.

Integração de serviços

No bairro de Gralha Azul, onde a cidade está em plena expansão, a Unidade de Saúde Alfredo Lewandovsky foi inaugurada em 2015, ao lado da escola local. A intenção é integrar os serviços e, para isso, além de atender os alunos da escola, a unidade programa palestras sobre saúde voltadas para alunos e professores.

“O trabalho da unidade é em conjunto com a escola. São várias atividades que são desenvolvidas. Todo ano também tem um tema a ser trabalhado, a ser discutido. A gente acompanha desde os menorzinhos até o quinto ano da escola municipal”, conta Thelma Labiack, enfermeira-chefe da unidade.

A integração acontece de outra forma na Unidade Básica de Saúde Egon Roskamp, no bairro Santa Paula. Desde a reforma realizada em 2015, além do atendimento ambulatorial, a unidade oferece uma série de exames que podem ser realizados no mesmo local. Uma novidade é o eletrocardiograma, que é feito em uma sala na própria unidade.

Mais Médicos

Criado em 2013 pelo governo federal, o Mais Médicos tem o objetivo de suprir a carência desses profissionais nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades.

A representação da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil colabora com a iniciativa intermediando a vinda de médicos de Cuba para atuar em unidades de saúde do país.

Com o Mais Médicos, foi possível preencher 18.240 vagas em 4.058 municípios brasileiros e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas. Dessas, 11.429 foram ocupadas pelos profissionais cubanos.

Conforme informações do Ministério da Saúde brasileiro, após a implementação do programa, 700 municípios localizados em áreas remotas do Brasil passaram a ter pela primeira vez na história médico residente para atendimento na atenção básica.

Os médicos cubanos também estão entre os trabalhadores que atuam na prevenção e diagnóstico do vírus zika e no acompanhamento de crianças com microcefalia.

Além disso, uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE) — com aproximadamente 14 mil entrevistas — apresentou avaliações positivas da população sobre o desempenho dos profissionais brasileiros e estrangeiros que integram a iniciativa.

Do total de entrevistados, 85% disseram que a qualidade do atendimento médico ficou melhor ou muito melhor após a chegada dos profissionais do programa. Além disso, 87% dos usuários apontaram que a atenção do profissional durante a consulta melhorou e 82% afirmaram que as consultas passaram a resolver melhor os seus problemas de saúde.

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