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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Temer deveria avaliar permanência de Barros na saúde

Coleção de gafes do ministro demonstra inadequação para o cargo


O ministro da Saúde, Ricardo Barros, aumentou a sua coleção de gafes ao dizer que os homens cuidam menos da saúde porque trabalham mais do que as mulheres.

Dada isoladamente, essa declaração já seria desastrosa. Mas o conjunto de gafes do ministro da Saúde deixa evidente que Ricardo Barros tem uma visão extremamente conservadora e anacrônica do mundo e da saúde pública para chefiar uma pasta que lida com um assunto tão fundamental, que afeta diretamente a vida das pessoas, sobretudo das mais pobres.

Não é verdade que os homens trabalhem mais do que as mulheres, que têm, na média, carga de trabalho semanal superior em 4 horas, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Barros tem uma visão antiga, que coloca as mulheres numa situação de inferioridade.

O ministro da Saúde já quis trazer religiosos para debater a questão do aborto, que tem uma legislação bem restritiva no Brasil e que é um problema de saúde pública para mulheres pobres. Não viu problema em usar um tipo de pílula do câncer se ela fosse apenas um placebo, porque a “fé remove montanhas”.

Já falou em redimensionar o tamanho do SUS (Sistema Único de Saúde). Mas depois recuou, diante da repercussão negativa de sinalizar a intenção de reduzir o atendimento público de saúde, o que afetaria principalmente os mais pobres.

Recentemente, deu apoio à discussão sobre um plano de saúde popular, com padrão abaixo das exigências de atendimento da ANS (Agência Nacional de Saúde). Ora, ou a ANS está fazendo exigências demais que devem ser revistas, para que seja possível ter um plano de saúde mais barato para todos, ou o ministro está admitindo criar uma categoria de plano de saúde abaixo do que o órgão governamental considera hoje adequado. Certamente, isso atende aos donos dos planos de saúde e não aos usuários.

Todas as pesquisas mostram que a saúde está no topo da preocupação dos brasileiros. Com o provável fim da interinidade, Michel Temer deveria avaliar se valeria a pena trocar o comandante do Ministério da Saúde por alguém que realmente entenda do riscado.

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