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quinta-feira, 13 de julho de 2017

É amanhã moçada! Grito da Senzala, na frente do casamento da Maria Antonieta!


Um comentário:

  1. A República de Curitiba parece mesmo o cenário de um dos contos fantásticos de Garcia Marquez. Um display sobre a mesa do Senhor Garibaldi avisa: "o centro está ficando cada vez mais histórico". Profecia certeira. Um 14 de Julho para fazer remexer os esqueletos dos revolucionários franceses. O suntuoso casamento da deputada estadual Maria Vitória, herdeira política do clã Barros, mais que acintoso, pareceu provocação. Reunindo representantes do segundo estado brasileiro atraiu a fúria de uma multidão do terceiro estado. Com 14 milhões de desempregados ninguém jogou arroz na noiva. Do céu vieram tomates e ovos. Seguranças armados com poderosos guarda chuvas não deram conta do recado. Não foi problema. Lá estavam os valorosos integrantes do pelotão de choque da Polícia Militar. Capacetes, escudos de acrílico e coletes a prova de balas (quem nem sempre são a prova de fraudes) lembram uma versão moderna das SS, porém, com o mesmo “sanguenoszóio”. Chove tomates. Lá vem bombas de efeito moral...uma....duas.... Chove ovos. Lá vem balas de borracha. Mesmo sem ter um Garcia Lorca, Curitiba ganha suas "Bodas de Sangue". Os policiais assistem sem prestar socorro ao ferido. Afinal, ele é o inimigo. Eles estão lá para proteger a distinta realeza. Imagino o velho Garibaldi, herói de dois mundos, que hoje empresta o nome a sociedade onde a nobreza curitibana dança sua versão, quem sabe, do baile da Ilha Fiscal, se contorcendo indignado. Dizem que bêbados são sóbrios infelizes que bebem para esquecer e, que, quando esquecem lembram que são felizes. Assim, um deles acorda para o é da coisa - com licença de Clarice - e convida a todos para uma selfie inesquecível na porta do paraíso. Entre eles e o grande salão um cordão de policiais impassíveis, versões mal acabadas de um robocop aparentemente em estado de choque. O bando de bêbados lembra os meninos perdidos da Terra do Nunca. Em vez do Peter Pan quem surge é uma versão do Chapeleiro Louco que convida todos a dançar. Frank Sinatra canta e o baile na calçada segue animado. A noiva surge no alto da escadaria e todos esperam que ela sugira que, faltando pães, comam brioches. Ela se cala, preserva a cabeça, dá meia volta e desaparece. Lá vai a Bela dando costas às feras e sorrindo para seus convidados que iniciam a dança dos vampiros. Enfants de la Patrie é assim que Curitiba celebra a queda da Bastilha. Que estourem os fogos!

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