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quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Demitir 8 mil médicos de uma só vez: no que isso vai ajudar a melhorar a saúde pública, Bolsonaro?


Eu sou médico de família e já atuei em áreas bem violentas da periferia do Rio e do Recife. Para visitar pacientes acamados, já cruzei com muita gente de fuzil na mão e já tive que me abrigar em casas de moradores nas situações de tiroteios inesperados. Quantos médicos brasileiros topam atuar em regiões como essa? Quantos topam ir trabalhar em aldeias indígenas, em comunidades ribeirinhas da Amazônia ou nos rincões com pouquíssima estrutura de serviços, onde se demora dias de barco ou carro para chegar ou sair?

Lembrem: antes de se contratar os cubanos, o Ministério da Saúde ofereceu as mesmas vagas para médicos brasileiros e estrangeiros de outros países. Só metade dos postos foi preenchida, mesmo se oferecendo uma bolsa de 10 mil reais (valor líquido).

A demissão de 8 mil médicos cubanos vai deixar quase 30 milhões de pessoas sem atendimento. De imediato, 1500 municípios do Brasil ficarão sem NENHUM médico. O óbvio: aumentará o número de mortes de crianças por diarreia, o número de infartos e derrames em hipertensos e diabéticos, a mortalidade materna por ausência de pré-natal, o descontrole de doenças infecciosas como tuberculose e hanseníase.

É uma decisão tomada por pura ideologia, sem embasamento técnico algum e motivada por uma paranoia anti-comunista digna de acompanhamento psiquiátrico. Vamos resistir, Bolsonaro. Se o seu desprezo pela saúde dos mais pobres é grande, nossa compromisso de ajuda-los e construir um país mais justo é maior, é muito maior.

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