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segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

O começo de Mandetta


no Outra Saúde (via e-mail)

O nome já estava certo desde novembro e, no segundo dia do ano, Luiz Henrique Mandetta assumiu o Ministério da Saúde de Bolsonaro. Ortopedista, ele era até então deputado federal pelo DEM-MS e já foi secretário municipal de saúde de Campo Grande – como já se sabe, vem de seu período na secretaria uma investigação por caixa dois, fraude em licitação e tráfico de influência na implementação de um sistema de informatização.

Para os próximos cem dias, são três as suas prioridades: um "choque de gestão" na atenção hospitalar, uma medida emergencial em Roraima (por conta dos imigrantes e da epidemia de sarampo) e melhorias na atenção básica. Durante o discurso de posse, Mandetta anunciou a criação da Secretaria Nacional de Atenção Básica, chegando a convocar os agentes comunitários de saúde e de combate a endemias para liderarem "a maior revolução da história" desde nível de atenção. O novo ministro é velho conhecido dos agentes, por ter atuado em favor do reajuste de seu piso salarial. Severo crítico do Programa Mais Médicos desde a sua criação, ele prometeu levar a saúde a todos os cantos. 

Também garantiu que não vai haver retrocessos (“Saúde é um direito de todos e dever do Estado. Não tem retrocesso. Vamos cumprir a Constituição”). Mas, ao mesmo tempo, falou que "não existem verdades absolutas" na saúde, e tudo pode ser questionado. O novo ministro, que no passado exigia mais dinheiro da União para a Saúde, votou como deputado pela PEC do Teto dos Gastos e, no discurso, em nenhum momento mencionou o subfinanciamento do SUS. Ao contrário, disse que a pasta tem "um orçamento muito grande" e que "cada economizado por esse ministério tem que ir para objeto fim, que é a assistência. Não dá para gastar dinheiro sem saber".

Bem ao estilo do novo governo, Mandetta disse que “não se chega a um cargo de tamanha responsabilidade sem ter um compromisso com a família, com a fé e com a pátria”. Ele, que foi presidente da Unimed em Campo Grande, também falou do setor privado. Disse que "há muito espaço para melhoria" e que estará presente neste debate, para que tenhamos um sistema privado "também forte, mais solidário e com menos queixa".  

Saindo do cargo, Gilberto Occhi citou como vitórias alguns momentos que na verdade ficaram gravados no noticiário e na memória de muitos de nós como enormes problemas: disse que "retomamos o crescimento" da vacinação, que houve uma "resposta rápida" à saída dos cubanos do Mais Médicos e ainda comemorou o acordo com a indústria alimentícia para redução do açúcar dos alimentos – que, no entanto, deixou de fora produtos pra lá de açucarados. 

ENQUANTO ISSO...

O número 2 do ministério da Saúde – o seu secretário executivo, João Gabbardo dos Reis, é réu em uma ação de improbidade administrativa no Distrito Federal. Segundo o MP, em 2013 a secretaria de Saúde do DF pagou, sem licitação, pela reforma de luxo de um hospital do qual ele era superintendente. 

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