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sábado, 16 de novembro de 2019

Concurso para médicos da Prefeitura de Curitiba carrega uma "bomba-relógio"


Falta de isonomia salarial pode judicializar futuras contratações. ‘Solução’ eleitoral do alcaide expõe queda dos serviços de saúde.




Números sérios são difíceis de contestação. Tal como ocorre na Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, quando se cotejam estatísticas sobre a oferta de serviços de saúde pública à população.

Por exemplo: o notável decréscimo de médicos da SMS em relação a 2017, é incontestável: existem hoje 156 médicos a menos na Secretaria (de 1010 para 854).

E também há 21 médicos a menos pelo Mais Médicos, no mesmo período, de 44 para 23.

– O Greca criou um programa dele, o “Menos Médico”, diz um assessor de um gabinete da Prefeitura, no melhor tom de blague para a ocasião, pedindo anonimato.

CONSULTAS CAEM


A verdade é que o alcaide Rafael Valdomiro Greca de Macedo nunca se importou muito com o assunto saúde pública. E nem mesmo diante da realidade da diminuição de consultas médicas/mês nos postos, com números que clamam aos céus: estão deixando de ser realizadas 13 mil consultas mensais (caíram de 155 mil para 142 mil). E não se venha dizer que isso indicaria ‘bom estado de saúde da população…’

“SOLUÇÃO ELEITORAL”


O curioso dessa realidade é que, a um ano das eleições municipais, foi alterada a lei municipal que rege o assunto. E assim a Prefeitura anuncia concurso para admissão de novos médicos, agora pela FEAS, que tem lá suas vantagens e facilidades.

Tudo do ponto de vista do alcaide.

– Isso é uma enorme jogada do prefeito, que mostrará nos programas eleitorais e comícios que ‘tem grande interesse pela saúde da população’, matéria de que ele e seus auxiliares foram de um desleixo absoluto até agora, observa analista da área do SUS.

ISONOMIA NÃO HÁ


O problema todo reside muito nos detalhes: os novos médicos a serem contratados pela FEAS, segundo ordens do alcaide, acabarão ganhando salários que serão o dobro daqueles dos atuais médicos do quadro da SMS.

Essa discrepância salarial está gerando um novo problema: médicos há anos atuando na Prefeitura já pensam em pedir demissão e, em seguida, concorrer ao concurso da FEAS, o canal escolhido para acolher a jogada eleitoral do alcaide.

O que se sabe é que em áreas sindicais da Prefeitura a questão já começa a ser estudada sob a perspectiva de judicializá-la. O argumento básico é de que não se respeitará, nas contratações, a isonomia que prevê salários iguais para trabalhos iguais.

Enfim, Greca poderá até ser vítima de seu novo “veneno” a curto prazo.

Com certeza, tem uma bomba relógio para desmontar.

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