tag:blogger.com,1999:blog-6084934331091949985.post7651338134691403585..comments2023-11-02T08:01:59.048-03:00Comments on Blog do Mario: A parábola e a medicinaMariohttp://www.blogger.com/profile/11186051674793350381noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-6084934331091949985.post-32009521280744490762013-04-01T09:16:42.046-03:002013-04-01T09:16:42.046-03:00Mario, sinto escrever, como sempre, comentários tã...Mario, sinto escrever, como sempre, comentários tão estensos, quando não... inúteis. Mas, arrisco. A democracia 'blogana' permite devaneios de todos os tipos e por todos(as) os(as) loucos(as).<br />Sua crônica é permeada de grande sensibilidade e clareza, mas não teme e nem tergiversa ao analisar o desenvolvimento da medicina e da prática médica através dos tempos. Poderia ser impressa em "Opinião" de qualquer jornal brasileiro.<br />Eu, por minha vez repleto de limitações, creio que a medicina, ao colocarmos na balança os avanços e as perdas/retrocessos, não sei se ao final teríamos, como vc apresenta graficamente, uma curva normal de distribuição. <br />Ganhou-se muito em tecnologia, sem dúvida, mas para uma pequena parcela que dela pode usufruir; ganhou-se muito em novas drogas, mas ainda muitos necessitam judicializar o direito às mesmas; ganhou-se muito em medicina, agora baseada em evidências clínicas e epidemiológicas, mas a prática mercantil, mesmo no interior do SUS é perversa e presente. Não é incomum auditores, como você, se depararem com queixas de cidadãos submetidos à seguinte decisão, difícil para o doente: "o SUS oferece o stent "x", mas não é dos melhores para o seu caso. Podemos fazer com o stent "y", mas o senhor terá que pagar por ele!". <br />A medicina baseada no sujeito, na pessoa integral e apoiada por fantásticas inovações tecnológicas perde espaço desproporcionalmente em relação à medicina do corpo em partes, dos exames complementares desnecessários e que tornam a vida de pacientes uma via-crucis e o financiamento do poder público inviável.<br />Marshall Berman, citando um breve trecho do Manifesto Comunista – “Tudo que é Sólido Desmancha no Ar” -, cita um trecho de Marx em que ele coloca como fato básico da vida moderna ela ser radicalmente contraditória em essência:<br />“De um lado, tiveram acesso à vida forças industriais e científicas de que nenhuma época anterior, na história da humanidade, chegara a suspeitar. De outro lado, estamos diante de sintomas de decadência que ultrapassam em muito os horrores dos últimos tempos do Império Romano. Em nossos dias, tudo parece estar impregnado do seu contrário. O maquinário, dotado do maravilhoso poder de amenizar e aperfeiçoar o trabalho humano, só faz, como se observa, sacrificá-lo e sobrecarregá-lo. As mais avançadas fontes de saúde, graças a uma misteriosa distorção, tornaram-se fontes de penúria. As conquistas da arte parecem ter sido conseguidas com a perda do caráter. Na mesma instância em que a humanidade domina a natureza, o homem parece escravizar-se a outros homens ou à sua própria infâmia. Até a pura luz da ciência parece incapaz de brilhar senão no escuro pano de fundo da ignorância. Todas as nossas invenções e progressos parecem dotar de vida intelectual às forças materiais, estupidificando a vida humana ao nível da força material”.<br />Talvez Cacaso, poeta nosso, tenha se inspirado no materialismo marxista ao escrever as Logias e analogias:<br />No Brasil a medicina vai bem<br />mas o doente vai mal<br />Qual o segredo profundo<br />Desta ciência original?<br />É banal: certamente<br />Não é o paciente<br />Que acumula capital".<br /><br />Assim, sinto, mas acho que a curva de distribuição, apesar dos avanços inegáveis, tende a pender para perdas (-1 > +1), pelo menos para a maioria dos habitantes do nosso planetinha Terra.<br />Abraços prolixos....<br />Antonio Carlos Nascimento.<br /><br />Anonymousnoreply@blogger.com