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sábado, 27 de dezembro de 2008

Deu no Blog do Nassif

Os Ciclos e o Financismo
Artigo de Cesar Benjamin, na Folha, sobre os ciclos econômicos (clique aqui) . Passa pelos ciclos de Kondratiev, de Schumpeter até chegar a Ignácio Rangel, que escreveu sobre os ciclos sem conhecer a obra de Kondratiev.
É uma discussão importantíssima, porque sobre fenômenos que estão acontecendo agora, sob nossos olhos.Rangel dizia que períodos de crise, inflação, desequilíbrios, criavam as condições para acumulação de capital nas mãos de grupos mais dinâmicos - que passariam a comandar o ciclo seguinte.
Não me lembro se, nas suas obras, ele analisava as ferramentas que permitiam essa acumulação. Em “Os Cabeças de Planilha” e nas pesquisas que estou fazendo para meu próximo livro, fica claro que os movimentos de acumulação se davam em torno de títulos da dívida externa, sejam títulos soberanos, de estados ou de empresas.
A crise derrubava o preço. Investidores mais espertos (ou com mais ligações com as autoridades rerguladoras) adquiriam na bacia das almas. Depois revendiam com um deságio menor para ou o Estado ou a estatal, ou então convertiam em moeda local pelo valor de face ou com pequeno deságio.
É o que está por trás do mais escandaloso episódio contemporâneo: a possibilidade aberta pelo então Ministro Maílson da Nóbrega no final do governo Sarney, de que dívida externa fosse convertida em cruzados. E em toda atuação do Banco Central, do meio do governo Collor em diante, acentuando-se no pós-Real. O Delegado Protógenes avança um pouco nesse tema na entrevista concedida ao Caros Amigos.
Em geral esses jogos são mais disfarçados e, pela complexidade, menos acessíveis à opinião pública. Nos arquivos de Getúlio Vargas no CPDOC, por exemplo, há um relatório de um informante seu, sobre as jogadas do presidente do Banco do Brasil, Guilherme da Silveira (da Tecelagens Bangu) com títulos da dívida do governo de São Paulo.
O ponto fora da curva foi Daniel Dantas, o banqueiro alucinado, que acabou permitindo expor os porões desse financismo.
São esses banqueiros e gestores de fundo que comandarão o próximo ciclo de investimento.

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