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domingo, 22 de fevereiro de 2009

A "penúltima" pisada na bola da Folha (no Conversa Afiada)


Ditadura
“Golpe de Estado dado por militares derrubando um governo eleito democraticamente, cassação de representantes eleitos pelo povo, fechamento do Congresso, cancelamento de eleições, cassação e exílio de professores universitários, suspensão do instituto do habeas corpus, tortura e morte de dezenas, quiçá de centenas, de opositores que não se opunham ao regime pelas armas (Vladimir Herzog, Manuel Fiel Filho, por exemplo) e tantos outros muitos desmandos e violações do Estado de Direito.
Li no editorial da Folha de hoje que isso consta entre “as chamadas ditabrandas -caso do Brasil entre 1964 e 1985″ (sic). Termo este que jamais havia visto ser usado.
A partir de que ponto uma “ditabranda”, um neologismo detestável e inverídico, vira o que de fato é? Quantos mortos, quantos desaparecidos e quantos expatriados são necessários para uma “ditabranda” ser chamada de ditadura? O que acontece com este jornal?
É a “novilíngua”?
Lamentável, mas profundamente lamentável mesmo, especialmente para quem viveu e enterrou seus mortos naqueles anos de chumbo.
É um tapa na cara da história da nação e uma vergonha para este diário.”
SERGIO PINHEIRO LOPES (São Paulo, SP)
Nota da Redação - Na comparação com outros regimes instalados na região no período, a ditadura brasileira apresentou níveis baixos de violência política e institucional.

Saiu na Folha de hoje:

Ditadura
“Lamentável o uso da palavra “ditabranda” no editorial “Limites a Chávez” (Opinião, 17/2) e vergonhosa a Nota da Redação à manifestação do leitor Sérgio Pinheiro Lopes (”Painel do Leitor”, ontem). Quer dizer que a violência política e institucional da ditadura brasileira foi em nível “comparativamente baixo’? Que palhaçada é essa? Quanto de violência é admissível? No grande “Julgamento em Nuremberg” (1961), o personagem de Spencer Tracy diz ao juiz nazista que alegava que não sabia que o horror havia atingido o nível que atingira: “Isso aconteceu quando você condenou à morte o primeiro homem que você sabia que era inocente”. A Folha deveria ter vergonha em relativizar a violência. Será que não é por isso que ela se manifesta de forma cada vez maior nos estádios, nas universidades e nas ruas?”
MAURICIO CIDADE BROGGIATO (Rio Grande, RS)
“Inacreditável. A Redação da Folha inventou um ditadômetro, que mede o grau de violência de um período de exceção. Funciona assim: se o redator foi ou teve vítimas envolvidas, será ditadura; se o contrário, será ditabranda. Nos dois casos, todos nós seremos burros.”
LUIZ SERENINI PRADO (Goiânia, GO)
“Com certeza o leitor Sérgio Pinheiro Lopes não entendeu o neologismo “ditabranda”, pois se referia ao regime militar que não colocou ninguém no “paredón” nem sacrificou com pena de morte intelectuais, artistas e políticos, como fazem as verdadeiras ditaduras. Quando muito, foram exilados e prosperaram no estrangeiro, socorridos por companheiros de esquerda ou por seus próprios méritos. Tivemos uma ditadura à brasileira, com troca de presidentes, que não vergaram uniforme e colocaram terno e gravata, alçando o país a ser a oitava economia do mundo, onde a violência não existia na rua, ameaçando a todos, indistintamente, como hoje. Só sofreu quem cometeu crimes contra o regime e contra a pessoa humana, por provocação, roubo, sequestro e justiçamentos. O senhor Pinheiro deveria agradecer aos militares e civis que salvaram a nação da outra ditadura, que não seria a “ditabranda”.”
PAULO MARCOS G. LUSTOZA , capitão-de-mar-e-guerra reformado (Rio de Janeiro, RJ)
“Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de “ditabranda’? Quando se trata de violação de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar “importâncias” e estatísticas. Pelo mesmo critério do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escravidão no Brasil foi “doce” se comparada com a de outros países, porque aqui a casa-grande estabelecia laços íntimos com a senzala -que horror!”
MARIA VICTORIA DE MESQUITA BENEVIDES , professora da Faculdade de Educação da USP (São Paulo, SP)
“O leitor Sérgio Pinheiro Lopes tem carradas de razão. O autor do vergonhoso editorial de 17 de fevereiro, bem como o diretor que o aprovou, deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada. Podemos brincar com tudo, menos com o respeito devido à pessoa humana.”
FÁBIO KONDER COMPARATO , professor universitário aposentado e advogado (São Paulo, SP)
Nota da Redação - A Folha respeita a opinião de leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas dessas manifestações acima. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua “indignação” é obviamente cínica e mentirosa.



A Folha (*) tem saudade da ditaDURA, com a qual manteve relações “carnais”, como diria o Carlos Menem.

É bem provável que o editorial se tenha inspirado na obra do colonista (**) e historiador Elio Gaspari, que escreveu 89 volumes (mas falta um …) para provar que a ditaDURA foi uma ditaBRANDA, regida por George Washington (Ernesto Geisel) e Thomas Jefferson (Golbery do Couto e Silva).Por um breve período, e para efeitos de um marketing que a distinguisse do Estadão, a Folha (*) fingiu que era de “esquerda”.

Para fazer os estudos de marketing (?), contratou o Cebrap (de Fernando Henrique e financiado pela Fundação Ford, ou seja, pela CIA), e José Serra, que se tornou seu eterno editorialista.

Leia sobre como Zé Pedágio se prepara para demitir a repórter Laura Capriglione…

Com a eleição do Presidente Lula, caiu a máscara da Folha (*).

Ela entrou de cabeça no PiG (***) e trabalha incansavelmente para derrubar o presidente eleito duas vezes.

As relações da Folha com a ditaDURA são notórias.

Como demonstrou Beatriz Kushnir no livro “Cães de Guarda”, da Boitempo Editorial, a Folha (*) cedia as vans para o Doi-Codi fazer diligências, levar suspeitos para as sessões de tortura e fingir que se tratava de um carro de reportagem em atividade jornalística.

Um outro episódio merece ser relembrado.

E que, segundo um editor da Folha (*) na época, é o episódio que marca indelevelmente a relação submissa e sinistra da Folha (*) com os militares.

Por pressão do general Hugo Abreu, a Folha (*), sem opor qualquer resistência, demitiu o diretor de redação Claudio Abramo.

Coisa do “Seu” Frias, que por obra e graça de Zé Pedágio dá nome a uma ponte que desemboca na Avenida Jornalista (?) Roberto Marinho, que tem esse nome, por obra e graça da prefeita Martha Suplicy.

(O que, caro navegante, demonstra o que é a Chuíça (****): a ponte ‘seu” Frias leva à Avenida Jornalista Roberto Marinho – é a materialização do PiG, (**) o PiG (**) em concreto, ferro e asfalto. Viva a Chuíça (****).

Alexandre Gambirásio prontamente aceitou o lugar de Claudio Abramo.

Não deu.

Ele é italiano de nascença e “seu” Frias preferiu não correr o risco de os militares demitirem outro diretor de redação.

Escolheu, então, Boris Casoy.

Que se tornou preceptor de “Octavinho”, e a Folha (*) deu no que deu.
Vai acabar como o New York Times, sem nunca tê-lo sido.

Clique aqui para ler Mathias Molina no Valor sobre a derrocada do New York Times nas mãos de um herdeiro, Arthur Sulzberger, JR …

Em tempo: como se sabe, Arthur vendeu o New York Times ao Carlos Slim. O Octavinho ainda vai vender a Folha (*) ao Daniel Dantas (se é que já não vendeu)…

Paulo Henrique Amorim

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