1. Montaram alianças com a fina flor do neoliberalismo, indo no canto de sereia de FHC.
2. Aliados do neoconservadorismo mais primário, ficaram amarrados para criticar o calcanhar de Aquiles da política econômica de Lula - o Banco Central.
3. Deixaram de lado a visão não ideológica de privatização e estatização. Tornaram-se neoliberais de carteirinha, embora não o fossem anos atrás.
4. Prisioneiros da direita inculta, não conseguem tratar a Bolsa Família e outras políticas sociais da maneira correta: reconhecendo os méritos e propondo aprimoramentos.
5. O que resta? Dossiês, escändalos, factóides. Hoje em dia, embora tivesse os melhores quadros intelectuais da política, sabe-se o que o PSDB faz - CPI dos Grampos, defesa de Dantas, factóides com a Veja -, mas não se sabe o que ele pensa.
6. Não faltaram avisos a Serra antes que cometesse o erro definitivo de sua carreira: grudar-se a FHC e aceitar seus aliados e seu estilo.
Por Eduardo
Artigo do Paulo Moreira Leite - Época
“Alguns acreditam no PSDB. Outros preferem duendes”
Sou do tempo em que algumas pessoas colavam um plástico no vidro dos automóveis: “Eu acredito em duendes!”
Hoje, os duendes saíram dos automóveis para assumir a identidade do PSDB.
Apenas um partido de existência improvável pode viver a situação em que os tucanos se encontram hoje.
Os tucanos governam estados importantes, como São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul. Tem uma boa bancada de deputados e senadores influentes.
Entre grandes empresários, muitos são petistas de carteira, em função de óbvias contingências políticas - e tucanos de coração.
O problema é que os tucanos não sabem quem será seu candidato a sucessão de Lula, embora um deles seja o primeiro colocado em todas as pesquisas de intenção de voto e já tenha o apoio declarado do segundo maior partido de oposição.
Os tucanos não conseguem ter uma atuação coerente na Câmara de Deputados, onde um terço da bancada está sempre contra a maioria.
E ainda nem falamos do principal: embora seja um partido de oposição, com o maior índice de acadêmicos per capta de nossa vida pública, o PSDB ainda não conseguiu produzir uma crítica útil nem relevante sobre o mandato e meio do governo Lula.
Não falta opinião - do contra, de preferência. Mas falta trabalho, pesquisa, argumento - aquilo que vai convencer o eleitor indeciso, sedimentar a opinião, consolidar a crítica.
Além de artigos - brilhantes ou não - que suas estrelas publicam em jornais, a título individual, não sabemos o que o PSDB acha, de verdade, sobre o Bolsa-Família.
Nem o que pensa sobre os juros de Henrique Meirelles que, por sinal, foi eleito deputado pelos tucanos.
Qual seu balanço das primeiras medidas que a equipe econômica para enfrentar a crise internacional? Não sabemos.
Desse jeito, será dificil entender por que o PSDB quer convencer o eleitor a conduzí-lo de volta ao Planalto.
O partido trabalha como se a lei de gravidade estivesse sempre a seu favor e o Palácio do Planalto fosse eu destino histórico.
Pode ser que a crise econômica ajude. Mas os impasses de Barack Obama mostram que uma tragédia pode ajudar a ganhar uma eleição mas não ajudam a fazer um bom governo.
Não tenho nada contra quem acredita em duendes. Só não acho que devem ser confundidos com eleitores de carne e osso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário