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quarta-feira, 4 de março de 2009

“O enfrentamento com as elites nunca é fácil”

Em entrevista exclusiva, o governador do Maranhão Jackson Lago aponta a família Sarney como a principal responsável por sua cassação

Em entrevista exclusiva, o governador do Maranhão Jackson Lago aponta a família Sarney como a principal responsável por sua cassação
Em entrevista exclusiva, o governador do Maranhão Jackson Lago aponta a família Sarney como a principal responsável por sua cassaçãoRenato Godoy de Toledo da Redação - Brasil de Fato

O mandato de Jackson Lago (PDT), governador do Maranhão eleito em 2006, bem como o de seu vice, Luiz Carlos Porto (PPS), foi cassado, na madrugada do dia 4, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os ministros Eros Grau, relator do processo, Fernando Gonçalves, Felix Fischer, Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto (presidente da casa) deram parecer favorável à suspensão do diploma por abuso de poder e compra de votos durante as eleições. Os ministros Marcelo Ribeiro e Arnaldo Versiani foram contrários à decisão.

Os ministros determinaram também que a candidata derrotada nas urnas em 2006, Roseana Sarney, à época no DEM e hoje no PMDB, deve ser a nova governadora do Estado. No entanto, ainda cabem recursos no TSE.

Assim que a sessão do TSE se encerrou, por volta da 1h30, Lago fez um pronunciamento a milhares de apoiadores em frente ao Palácio dos Leões, sede do Governo na capital São Luís. Segundo dirigentes presentes no ato, o clima era de indignação.

Minutos após o fim do seu discurso à população, Lago concedeu esta entrevista exclusiva ao Brasil de Fato. Confira abaixo.

Brasil de Fato – Qual é a sua opinião sobre o resultado do julgamento e qual é a conclusão que o senhor tira de todo esse processo?

Jackson Lago – Na realidade, a conclusão que tiramos é que nunca é fácil o enfrentamento com as elites, seja no Maranhão ou no resto do país. A gente tem clareza quanto a isso. Nós vamos continuar lutando através dos nossos advogados. Vamos tomar todas as medidas que a legislação nos permite. Por outro lado, não vamos nos furtar às nossas responsabilidades e faremos tudo aquilo que estiver em nosso alcance para que o Brasil conheça a realidade que esse caciquismo de 40 anos impõe ao nosso Estado. Seguramente, boa parte das lideranças, da população e das organizações vai continuar na expectativa de êxito das ações dos nossos advogados. Vamos ficar atentos.

Uma questão de ordem prática: o que o senhor fará hoje (04 de março)? O senhor continuará no Palácio? Trabalhará normalmente pela manhã?

Vamos trabalhar normalmente até quando eles [TSE] julgarem as ações que serão interpostas pelos nossos advogados.

Já é possível analisar como a população do Maranhão recebeu o resultado do julgamento?

Ainda é muito difícil fazer uma avaliação dessa natureza, porque estamos no local onde a militância estava reunida. Não temos ainda a informação sobre a repercussão da notícia nas diferentes regiões do Estado.

Com a cassação do seu mandato a família Sarney retoma a hegemonia no Maranhão?

Agora aparece uma nova forma de luta. Vamos ver como a população vai reagir. Dentro das normas convencionais, eles [família Sarney] perderam. Mas mostraram que são capazes de tentar retomar o poder em outros campos. É um fato novo na vida do Estado, então vamos aguardar para saber qual vai ser a avaliação da população.

Então o senhor avalia que o principal agente por trás da cassação é a família Sarney?

O interesse é só dela. Eles consideram o Maranhão como um feudo, onde têm os seus negócios e suas empresas. Então, aqui é a raiz de todos eles.

O que o senhor tem a dizer aos maranhenses, sobretudo àqueles que o elegeram?

Nós estamos confiantes nas ações que nossos advogados vão desenvolver. Tenho certeza que um grande número de pessoas está disposto a desenvolver as ações que forem necessárias para denunciar ao Brasil o comportamento da oligarquia Sarney nesses 40 anos aqui no Maranhão.

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