Casal acusado de desviar R$ 2 milhões do Fundo Municipal de Saúde propõe acordo. Iniciativa não impede que eles sejam processados criminalmente
Anteontem, uma equipe de policiais civis estiveram na casa de Marinete, no bairro Ahú, cumprindo a ordem de busca e apreensão do juiz substituto Rodrigo Otávio Rodrigues Gomes do Amaral, da 3ª Vara da Fazenda. Na residência foi apreendido cerca de U$ 400. Na decisão judicial, ainda foi decretada a indisponibilidade dos bens e o bloqueio das contas bancárias de Marinete e de Marcelo. A decisão se estendeu ainda a uma irmã de Marinete, também funcionária pública, e uma sobrinha – suspeitas de envolvimento no esquema.
O advogado de Marcelo, Eládio Prados Júnior, informou que, para agilizar a devolução do dinheiro desviado estuda-se a possibilidade de entrar num acordo com o município, com anuência da Justiça, para que os bens sejam vendidos a preço de mercado – e assim diminuir a dívida dos servidores. “Se (os bens) forem direto para o município, eles vão a leilão e o preço vendido é até 50% menor que o de mercado. Vendendo os imóveis, o valor seria depositado em juízo ou iria direto para a prefeitura. É muito mais rápido”, explicou. Para o procurador-geral do município, Ivan Bonilha, seria mais interessante para a prefeitura que os bens fossem vendidos e o dinheiro repassado para os cofres públicos.
O casal, que estaria em processo de separação, teria entrado num entendimento para colaborar com a investigação e assim evitar maiores consequências. Apesar da disponibilidade, a iniciativa não impede que os servidores respondam ao processo administrativo aberto pela prefeitura e a um possível processo criminal na Justiça.
A prefeitura iniciou a investigação dos servidores do município por conta do patrimônio ostentado, que era incompatível com os rendimentos provenientes do cargo público. A suspeita é que Marinete tenha feito 101 operações de créditos entre fevereiro de 2004 e outubro de 2008. A funcionária movimentava valores de aproximadamente R$ 5 mil, mas em alguns casos o depósito chegou a R$ 100 mil. Ela era quem digitava os relatórios que creditavam valores nas contas da prefeitura de Curitiba pelos serviços prestados pelos Centros Municipais da Saúde e pelo Hospital do Bairro Novo. Em vez de depositar o dinheiro nas contas da prefeitura, Marinete teria creditado os valores na própria conta bancária e dos familiares.
O advogado disse que Marcelo se declarou inocente da acusação de desvio de dinheiro. Marinete teria confessado o desvio ao marido. Ela não foi localizada pela reportagem para comentar o caso – assim como o advogado que a defende.
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