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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Orientações do CRM PR sobre a Gripe Suína

recebi da Maria Alice

GRIPE PANDÊMICA:
DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E ORIENTAÇÕES GERAIS

Sobre a doença
A gripe é uma doença que tem como elementos patógenos dois tipos de vírus, o A e o B. Estes vírus apresentam duas proteínas na superfície, que lhes conferem características específicas e determinantes antigênicos. Estas proteínas são a hemaglutinina (H) e a neuraminidase (N).  Dentro do grupo de vírus tipo A, temos os subgrupos que afetam o ser humano: H1N1, H2N2, H3N2 e H5N1 (gripe aviária).
A Gripe Pandêmica, ou Influenza A H1N1 pandêmica, é uma doença que se desenvolve a partir de uma variante do vírus H1N1, um dos responsáveis pela gripe sazonal, por apresentar material genético do vírus humano, aviário e suíno. Tem seu contágio através das vias aéreas, bem como contato das superfícies mucosas, como ocular, nasal e oral, com objetos contaminados diretamente por meio das mãos. 
Como outras variantes do Vírus A H1N1 já causaram outras pandemias, como a espanhola em 1918 e a asiática em 1957, acredita-se que as pessoas com mais de 55 anos possam estar com algum grau de imunidade a este vírus. Não existe comprovação de que a vacina da gripe sazonal previna a infecção pela gripe pandêmica.

Diferença entre gripe e resfriado
Os sintomas da gripe pandêmica em nada diferem da gripe sazonal, sendo importante a diferenciação com o resfriado comum, que é causado por outros tipos de vírus, como o adenovírus e o coronavírus.
O resfriado se caracteriza pelo aparecimento dos sintomas de forma gradual, com nível de febre baixa ou ausente. Manifesta-se mais por sintomas de vias aéreas superiores, como coriza e dor de garganta, e com menos (ou nenhum) comprometimento sistêmico.
A gripe apresenta um início súbito de sintomas, caracterizados por quadro febril acima de 38° C, tosse e com freqüente envolvimento sistêmico, desenvolvendo mialgias. A presença de dificuldade respiratória indica uma gravidade maior ao caso, pois os quadros graves da gripe pandêmica se caracterizam por insuficiência respiratória, pneumonia intersticial e hemorragia pulmonar. Os pacientes podem apresentar ainda, náuseas e vômitos, diarréia, cefaléia e fadiga.
Dentro do que se conhece da carga viral e infecção do vírus H1N1 sazonal, sabemos que um dia antes do aparecimento dos sintomas já temos carga viral para transmissão, sendo que esta atinge o pico com um dia de sintoma e mantém-se, porém em declínio, até o sétimo dia no adulto e 14º dia na criança.

Tratamento
O tratamento, além do sintomático, segue pela utilização de medicações antivirais, que vão atuar sobre o vírus, mais precisamente inibindo as neuraminidases, que são responsáveis pela liberação dos vírions, impedindo assim a saída do vírus de uma célula para outra. Após a utilização da medicação, verifica-se através de estudos com a gripe sazonal que os títulos virais no nariz caem acentuadamente após as primeiras 36 horas do tratamento, diminuindo assim a possibilidade do contágio, bem como se verifica uma melhora dos sintomas. É indicado que se inicie a medicação antiviral nas primeiras 48 horas do início dos sintomas. A orientação é que o médico, em verificando que um paciente apresente os sintomas de síndrome gripal, indique a utilização do Fosfato de Oseltamivir (Tamiflu®). A Sociedade Paranaense de Infectologia recomenda que a medicação seja prescrita exclusivamente em casos de quadro clínico definido de gripe, evitando-se utilizá-lo em quadro de resfriado.
Recomendações sobre a dosagem do TAMIFLU:
Informações da Food and Drug Administration (FDA)

ADULTOS: 75 mg – 2 vezes ao dia por 5 dias.
CRIANÇAS acima de um ano de idade e menores de 12 anos, com menos de 40 kg: as doses variam de acordo com o peso, conforme tabela abaixo, 2 vezes ao dia, por 5 dias.


Menos de 15 Kg
30 mg (2,5ml)
Duas vezes ao dia.
De 15 a 23 Kg
45 mg (3,75ml)
Duas vezes ao dia.
De 23 a 40 Kg
60 mg (5ml)
Duas vezes ao dia.
Acima de 40 Kg
75 mg (6,5ml ou 1 cápsula)
Duas vezes ao dia.

CRIANÇAS menores de um ano, a dosagem deve ser de acordo com a idade, conforme tabela abaixo, 2 vezes ao dia, por 5 dias.

< 3 meses
12mg (1ml)
Duas vezes ao dia. Não recomendado exceto se situação considerada crítica.
3 – 5 meses
20 mg (1,6 ml)
Duas vezes ao dia.
6 – 11 meses
25 mg (2 ml)
Duas vezes ao dia.

Ambulatório
Em casos de tratamento ambulatorial, o médico deverá recomendar ao paciente a utilização de medicações antivirais e o isolamento domiciliar, bem como realizar obrigatoriamente avaliação e monitoramento clínico periódico. Em caso de agravamento do quadro clínico, encaminhar o paciente ao hospital.

Duração do tratamento com antiviral:
» Adultos: 05 dias a partir do início dos sintomas
» Crianças: 05 dias a partir do início dos sintomas

Recomendações ao paciente:
» Utilizar máscara cirúrgica descartável;
» Não compartilhar alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal.
» Evitar tocar olhos, nariz ou boca;
» Lavar as mãos frequentemente com sabão e água, especialmente depois de tossir ou espirrar;
» Permanecer em quarto exclusivo;
» Manter o ambiente ventilado;
» Evitar contato próximo com pessoas;
» Retornar ao hospital se aparecerem sinais de piora, como falta de ar.

Prescrição:
» Sintomáticos.
» Contraindicados salicilatos pelo risco de Síndrome de Reye.

Gestante
A gestante tem sido afetada de modo particularmente severa e o tratamento antiviral deve ser sempre aplicado quando do diagnóstico de gripe, independentemente do período de gestação.

Internamento
Os pacientes com diagnóstico de síndrome gripal (febre acima de 38°C de início súbito, tosse e outros sintomas respiratórios, como dor de garganta e dores musculares - sem diagnóstico de outra patologia, como amigdalite, sinusite, etc.) associado a um dos sinais abaixo são classificados como casos graves e necessitam de internamento.

Casos Graves
Obs.: Os casos graves têm se manifestado principalmente em adultos jovens e gestantes.

Alteração do nível de consciência, dispnéia, taquipnéia (>25mrm para adultos, >40 mrm em crianças de 1 a 5 anos e >50 mrm em crianças <1 ano), saturação O2 < 90% , esforço respiratório (tiragem intercostal e/ou batimentos de asa de nariz),  hipotensão arterial (no adulto, PA diastólica < 60 mmHg e sistólica < 90 mmHg), cianose, vômitos incoercíveis, toxemia, desidratação.

Orientações sobre notificação obrigatória

A notificação é obrigatória e deve ser realizada de forma imediata em casos suspeitos ou confirmados de Influenza A (H1N1). Para tanto, o médico deverá preencher a Ficha de Notificação com os dados do paciente e:

1) Quando o atendimento for realizado em Hospitais ou Unidades de Saúde (SUS), a próprio instituição fará o encaminhamento dos documentos para a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA).

2) Quando o atendimento for realizado em consultório, há duas possibilidades:

» Em casos com necessidade de internamento, o médico deverá encaminhar o paciente ao Hospital, juntamente com a ficha de notificação, e a responsabilidade em encaminhar o documento à SESA é da instituição.

» Em casos de tratamento ambulatorial, o médico deverá entregar a ficha de notificação ao paciente ou responsável, juntamente com a receita em duas vias e o Formulário para dispensação de Oseltamivir, para que o mesmo possa retirar o medicamento nos postos autorizados pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA).

Informações adicionais podem ser obtidas no Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) por meio dos telefones (41) 3350-9356 e 3350-9371.

PREVENÇÃO

Medidas iniciais no atendimento do paciente com suspeita de gripe

» Higienizar rigorosamente as mãos antes e após qualquer atendimento.

» Reforçar limpeza concorrente do ambiente e desinfecção de superfícies.

» Disponibilizar dispensadores de lenços descartáveis e álcool gel para higiene das mãos nas salas de espera do Pronto Atendimento, Sadts, consultórios e outros serviços.

» Disponibilizar área preferencial de atendimento a pacientes com síndrome gripal, com boa ventilação (manter janelas abertas).

» Orientar uso de máscara cirúrgica aos pacientes com sintomas de gripe.

» Evitar aglomerações e ambientes fechados.

» Atendê-lo de forma mais ágil. Se possível atendê-lo no início ou término das consultas visando evitar aglomeração na sala de espera.
» Os funcionários e o próprio médico devem estar protegidos com a máscara e óculos.

Uso de máscaras e outros EPIs

Máscara Cirúrgica:
Equipe assistencial durante o atendimento a pacientes;
Recepcionistas durante o turno de trabalho;
Equipe hospitalar ao entrar no quarto/box de pacientes em Precaução por Gotícula;
Pacientes considerados suspeitos ou confirmados;
Visitantes de casos suspeitos ou confirmados.
Obs: Trocar quando estiver úmida ou a cada 2 horas.

Máscara N95:
Equipe assistencial em procedimentos com risco de aerossóis (entubação, broncoscopia, coleta de secreção respiratória).
Utilizar concomitantemente óculos de proteção, avental e luvas de procedimento.
Obs: Trocar após 8 horas de uso ou sujidade ou umidade.

Uso de luvas de procedimento, avental e óculos:
Conforme precaução padrão.

Luvas: Contato direto com fluidos corpóreos, pele não íntegra, mucosas; colocar antes e retirar imediatamente após o contato com o paciente.

Avental de Contágio: Usar sempre que houver risco de respingos de fluidos corpóreos. Descartá-lo imediatamente após o termino da assistência e higienizar as mãos.

Óculos: Sempre que houver risco de respingos de fluidos corpóreos na face.

Medidas gerais de higiene

» Cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir preferencialmente com lenço descartável;

» Mãos com sujidade aparente, higienizar lavando com água e sabão;

» Mãos sem sujidade aparente, higienização com lavagem ou álcool 70%;

» Evitar tocar olhos, boca e nariz;

» A utilização de máscaras deve ser compulsória para os pacientes que apresentem sintomas da síndrome gripal, quando em contato com outras pessoas, evitando assim a transmissão.

As recomendações contidas neste documento foram elaboradas pelo Conselho Regional de Medicina do Paraná em conjunto com a Sociedade Paranaense de Infectologia. Alguns dados foram baseados em informações emitidas pelas Secretarias Municipal de Saúde de Curitiba (SMS) e Estadual do Paraná (SESA), Hospital Nossa Senhora das Graças de Curitiba (HNSG) e Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC/UFPR). Vale ressaltar que os dados contidos neste documento são de cunho técnico e científico direcionados a médicos.

Confira outras notícias no nosso site: http://www.crmpr.org.br/influenza

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