Jornal do Brasil
BRASÍLIA - O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou sexta-feira em Londres uma parceria com o laboratório britânico GlaxoSmithKline (GSK) para o desenvolvimento de uma vacina contra a dengue e para a criação de um centro de estudos de doenças tropicais no campus da Fiocruz, no Rio de Janeiro.
Este centro será voltado não só para o desenvolvimento da vacina contra a dengue, mas também para estudos de outrs duas doenças: a malária e a febre amarela.
Na primeira etapa do projeto, a prioridade será o desenvolvimento da vacina contra a dengue. O ministro Temporão, porém, ressalvou que o desenvolvimento da vacina contra dengue até a fase de testes é “coisa para cinco anos”. Segundo ele, a produção efetiva da vacina levará mais tempo.
– Primeiro, é preciso desenvolver um protótipo, depois produzi-lo em escala semi-industrial, depois testar em animais, depois testar em seres humanos. É um longo caminho a ser desenvolvido. Além disso, temos que criar vacinas para os quatro sorotipos de dengue – disse Temporão.
Prioridade
De acordo com Temporão, a ideia da parceria é dar prioridade para a vacina contra a dengue, mas a iniciativa também deve incluir o aperfeiçoamento da vacina contra a febre amarela e a produção da vacina contra a malária.
O custo do projeto é estimado em 70 milhões de euros (cerca de R$ 184 milhões). E será dividido igualmente entre o governo brasileiro e o laboratório farmacêutico britânico.
– Este acordo marca uma nova relação entre as indústrias farmacêuticas estrangeiras e o governo brasileiro, que era de compras e negociações comerciais. Agora, vamos pesquisar juntos. E o importante é que a base de estudos será no Brasil, na Fiocruz – enfatizou o ministro.
Há 100 milhões de casos de dengue por ano no mundo, doença considerada hoje um problema mundial, com registros em países como Itália e Estados Unidos, devido ao aquecimento global.
No Brasil, de 1º de janeiro a 4 de julho de 2009, foram notificados 387.158 casos de dengues. O número de casos é 47,9% menor do que o registrado no mesmo período em 2008, quando houve 743.517 notificações. O recuo da doença, segundo o Ministério da Saúde, está relacionado a ações para eliminar os criadouros do mosquito transmissor, com mobilização social, limpeza urbana e aumento de infraestrutura (saneamento).
Para Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz, uma das principais dificuldades para a produção da vacina contra a dengue é dar proteção contra os quatro sorotipos existentes: DEN1, DEN2, DEN3 e DEN 4. A Fiocruz selecionou os projetos em estágio mais desenvolvidos para que sejam a base da ação com a multinacional.
– A parceria é estratégica, pois permite aprimorar no Brasil fases pré-clinicas de pesquisa. Ou seja, ela potencializa a produção de outras inovações – afirmou Gadelha.
A parceria com a GSK é um desdobramento do acordo fechado anteriormente com a empresa para a transferência tecnológica para a produção nacional da vacina pneumocócica, que protege contra a meningite bacteriana e pneumonia. Essa vacina, hoje só disponível no sistema privado, será incorporada ao calendário brasileiro de imunização em 2010. O investimento para produção e distribuição é de 1,5 bilhão de euros (cerca de R$ 4 bilhões).
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