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domingo, 4 de outubro de 2009

Mercedes Sosa morre aos 74 anos

Reuters e Agência Estado

A cantora Mercedes Sosa, símbolo latino-americano e principal voz da música argentina, morreu neste domingo aos 74 anos, informou sua família.

Mercedes Sosa se encontrava hospitalizada desde 18 de setembro em Buenos Aires e seu estado de saúde se agravou na semana passada, devido a problemas renais e hepáticos, que debilitaram seus órgãos vitais.

"Nesta data, na cidade de Buenos Aires, Argentina, temos que informar que a senhora Mercedes Sosa, a maior artista da Música Popular Latino-americana, nos deixou", afirmou sua família em uma nota.

Com seis décadas de carreira na qual circulou por todos os gêneros musicais, também no exílio, enfrentando a censura de ditadores, Mercedes Sosa repartiu o palco em todo mundo com músicos de diferentes estilos e gerações, sem perder nunca sua profunda ligação com o folclore, a música predominante do interior argentino.

"Haydé Mercedes Sosa nasceu no dia 9 de julho de 1935 na cidade de San Miguel de Tucumán. Com 74 anos e uma trajetória de 60 anos, ela transitou por diversos países do mundo... e deixou um grande legado", acrescentou a mensagem da família.

O corpo da artista será velado a partir do meio-dia (horário de Buenos Aires), na sede do Congresso Nacional.

Obra de Mercedes Sosa mesclou romantismo e política

"Gracias a la vida/que me ha dado tanto (clique e ouça)...", a canção de Violeta Parra, considerada uma das fundadoras da música popular do Chile ganhou versão definitiva na voz de Mercedes Sosa. A argentina Mercedes, apelidada por alguns de "A voz da América Latina", deixa aos 74 anos uma obra vasta e de forte temática social, após uma vida de resistência política misturada ao romantismo, com dezenas de parcerias importantes

Nascida em 1935 em Tucumán, no norte da Argentina, Mercedes Sosa teve origem humilde e gostava desde cedo de interpretar canções folclóricas. Aos 15 anos, participou de um concurso de uma rádio com um grupo, quando a afinada cantora se destacou. O prêmio pela vitória foi um contrato de dois meses com uma emissora. Era o início da carreira

Na década de 1960, Mercedes participou do Movimento do Novo Cancioneiro, surgido em Mendoza e centrado na música popular latino-americana, com ênfase no componente social. Além de obter sucesso na Argentina, a artista ganhou palcos pelas Américas e também na Europa

A temática social e a ligação com a esquerda lhe renderam também dissabores. Em 1979, um show da artista foi invadido pelos militares, durante a ditadura argentina (1976-83). Não apenas ela foi presa, mas inclusive o público presente. Naquele mesmo ano, Mercedes decidiu se exilar

"La Negra", como também era conhecida, voltou à Argentina em 1982, na fase final da ditadura. Na década de 1980, Mercedes realizou trabalhos em parceria com Milton Nascimento. Entre os brasileiros que também cantaram com ela estão ainda Caetano Velloso e Daniela Mercury

Na reta final, Mercedes ainda encontrava reconhecimento do público e da crítica. Seu último álbum, "Cantora 1", alcançou boa vendagem e foi indicado a três prêmios no Grammy Latino, com entrega marcada para 5 de novembro em Las Vegas. Entre os parceiros deste último trabalho estão artistas como Shakira, Fito Páez e Joaquín Sabina.

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