De janeiro a setembro a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) registrou uma queda acentuada no número de transplantes de coração, pâncreas/rim e medula óssea nos hospitais de Curitiba. E os transplantes de coração no estado caíram 33% no mesmo período, em relação a 2008. A preocupação procede, embora, em boa parte, a situação resulte de efeitos sazonais, como no caso, aliás das doações aos bancos de sangue, que, normalmente sofre uma queda acentuada a cada fim de ano, enfrentando, em contrapartida, uma alta da demanda
Entre os fatores de maior peso para o recuo no número de transplantes está, por exemplo, a gripe A (H1N1), que lotou as unidades de tratamento intensivo (UTI) por um bom período.
Perduram questões como a da reduzida faixa de notificações de potenciais doadores pelas equipes médicas à Central Estadual de Transplantes, bem como a pouca valorização – e capacitação – dos profissionais encarregados da captação e manejo de órgãos e as dificuldades na abordagem a famílias que, geralmente, não têm consciência da importância da doação de órgão.
Mas, graças principalmente a dedicados profissionais que atuam na Central de Transplantes e em setores que formam a corrente que ajuda a salvar vidas, uma série de medidas será adotada ainda neste ano para melhorar o número de doações. Perfilam entre as medidas a possibilidade de portadores de hepatite B e C passarem a doar órgãos para receptores com a mesma doença. Esse procedimento ainda é inédito no Paraná. E, com iniciativas adotadas em outubro pelo Ministério da Saúde, que alterou as tabelas de valores de procedimentos e reajustou em 50% os honorários pagos às equipes médicas, deu-se um passo importante para melhorar o sistema de captação de órgãos.
A busca ativa do órgão perante à família, que antes era coberta por remuneração de R$ 210 para o médico, a partir de novembro será elevada para R$ 420. O valor cobrado pela sala usada no centro cirúrgico, para a remoção do órgão, subiu de R$ 450 para R$ 900. Ao mesmo tempo, o Sistema Nacional de Transplantes dispõe de R$ 842,2 milhões para o pagamento de todos os procedimentos relativos aos transplantes realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Cobre, portanto, desde exames para inclusão na lista de espera até o acompanhamento pós-transplante.
É preciso fazer muito mais, no entanto, até para mudar a cultura que predomina dentro dos hospitais. Está prevista, para o próximo ano, a implantação das chamadas Organizações de Procura de Órgãos (OPOs), semelhantes às que já atuam em outros estados, como Santa Catarina e São Paulo. As OPOs trabalhariam com as Comissões Inter-hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cidots). Dessa maneira, serão montadas equipes para a busca ativa de potenciais doadores nos principais hospitais do estado.
Hoje o Paraná conta com apenas 6,4 doadores ativos por milhão de habitantes, enquanto São Paulo e Santa Catarina chegaram a 17 pormilhão. Nas atuais circunstâncias, há hoje, no estado, pelo menos 4 mil pacientes na lista de espera. Alcançar a meta de 10 doadores ativos por milhão é contribuir para que a fila diminua e a esperança cresça.
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