Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oito mil mulheres são esperadas no final desta tarde no Dique do Tororó em Salvador (próximo ao Estádio da Fonte Nova), para a Vigília das Águas, uma manifestação organizada por movimentos feministas com o intuito de chamar a atenção sobre a violência contra as mulheres.
No começo deste ano (24 de janeiro), três mulheres foram assassinadas em menos de 16 horas no estado da Bahia. Os suspeitos são seus cônjuges. Dois crimes ocorreram em Salvador e um em Itabuna (sul do estado). Em um dos crimes, a vítima estava casada a menos de 72 horas com o acusado.
Para a professora de sociologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Vilma Reis, os crimes contra as mulheres ocorrem por causa do "senso de impunidade" que têm os agressores. "Precisa haver uma sociedade com ambiente mais favorável às mulheres", diz a professora que afirma que "isso não é só tarefa das feministas".
Pesquisa da Fundação Perseu Abramo (2008) estima que a cada 15 segundos uma mulher seja espancada no Brasil.
Enxergando a responsabilidade masculina para diminuir a violência contra as mulheres, os homens da Campanha do Laço Branco e do Instituto Papai, em Recife, resolveram no Dia Internacional das Mulheres ir às ruas para protestar em favor das mulheres.
“As causas dos movimentos feministas são causas de todos que defendem os direitos humanos”, explica Ricardo Castro que atua na Campanha do Laço Branco e no Instituto Papai. Castro fará palestras sobre violência em encontro com trabalhadores na segunda-feira, 8 de março.
Além da questão da violência, Castro informa que as duas entidades participarão de panfletagem pela efetiva implantação da Lei nº 11.108, que garante às gestantes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato; e participam de ato público contra mudanças na questão do aborto na terceira edição do Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH 3).
Após crítica da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o governo anunciou recuo e admitiu rever a redação da recomendação de "apoiar a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos".
O recuo no PNDH 3 também será criticado em outras partes do país. Em São Paulo, na próxima segunda, entidades ligadas à Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) farão manifestações na Praça do Patriarca, no centro, em defesa da integralidade do programa, da Lei Maria da Penha e do Pacto Nacional de Combate à Violência contra a Mulher.
No mesmo dia, em Brasília, haverá publicação de nota contra a mudança no PNDH 3. O Fórum de Mulheres do Distrito Federal fará uma vigília no prédio do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
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