Em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) investigaram a associação entre o risco de quedas e o consumo de bebidas alcoólicas em idosos de mais de 60 anos. O estudo contou com a participação de 432 pessoas moradoras da Região Metropolitana de São Paulo. Destas, 24,5% relataram tombos no último ano, relacionados ao uso de risco de álcool e a idade, sendo 45,2% das pessoas que caíram afirmaram serem consumidoras frequentes de álcool.
Mesmo sendo frequentes os problemas relacionados ao álcool no Brasil, a extensão dessas questões entre indivíduos de mais idade permanece desconhecida |
“Apesar do consumo de álcool ser comumente menor entre idosos quando comparado com pessoas mais jovens, suas consequências negativas podem ser altas, devido a mudanças próprias da idade”, comentam os pesquisadores. “Os idosos apresentam aumento de gordura corporal e redução de água, assim como uma diminuição do metabolismo hepático. Como consequência, os níveis de álcool no sangue elevam e a pessoa começa a experimentar efeitos adversos da ingestão de bebidas alcoólicas. Outro importante problema tem relação com o fato de que uma proporção considerável da população idosa está sob alguma forma de medicação com interação potencial com álcool”.
Os pesquisadores apontam que, mesmo sendo frequentes os problemas relacionados ao álcool no Brasil, a extensão dessas questões entre indivíduos de mais idade permanece desconhecida. “Os idosos são menos vulneráveis a acidentes de carro e brigas, mas são propensos a outras consequências, como quedas, já que a probabilidade destas ocorrerem em casa é maior”, afirmam os estudiosos. “Quedas são eventos comuns para os idosos, com um impacto em sua saúde física que pode resultar em uma série de incapacidades, incluindo o medo de cair”.
Os resultados da pesquisa indicaram que, em relação ao uso do álcool, 50,9% dos entrevistados nunca haviam feito uso, 25,5% não beberam no último ano e 23,4% consumiram bebidas alcoólicas. Entre os bebedores, 13,7% relataram uso de risco de álcool. Além disso, foram encontradas diferenças no consumo de álcool entre homens e mulheres. “A frequência de ser um consumidor regular foi maior entre homens (38%) do que em mulheres (17,5%) e somente homens relataram um consumo excessivo”, explicam os pesquisadores. “Houve também diferenças em relação ao contexto de consumo: 40% dos homens reportaram beber durante as refeições, enquanto somente 18,9% das mulheres reproduziram esse padrão”.
O artigo ainda destaca que o abuso de álcool entre os idosos pode trazer sérias consequências para a sua saúde e um considerável impacto no sistema de saúde. “Com o aumento da expectativa de vida, problemas de saúde entre pessoas mais velhas se tornaram relevantes”, dizem os pesquisadores. “É crucial não ignorar o uso de álcool pelos idosos. É igualmente importante que o tema receba a apropriada atenção não só em exames clínicos, mas também em agendas políticas e de pesquisa”.
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