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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Assembleia estava manipulando a investigação, diz juiz


A gráfica da Assembleia Legislativa do Paraná (AL) estava sendo usada para rodar diários oficiais com datas e dados incorretos.
Na foto um flagrante da reunião da mesa diretora da AL-PR  


O objetivo era manipular as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Este foi o principal motivo que levou o juiz substituto da Vara de Inquéritos Policiais (VIP), Aldemar Sternadt, a deferir o mandado de busca e apreensão de documentos dentro da Assembleia.
A decisão do magistrado foi cumprida na manhã de sábado durante a operação Ectoplasma 2, executado pelo Gaeco. Além de apreender documentos do Legislativo, a ação prendeu nove pessoas. Outras 13 que tiveram mandado de prisão expedido não foram detidas e são consideradas foragidas da Justiça.A Gazeta do Povo e a RPCTV tiveram acesso à decisão do juiz Aldemar Sternadt. Num trecho do despacho, o ele diz que “a busca e apreensão nas dependências da Assembleia Legislativa se mostra imprescindível, notadamente, em face da notória manipulação na edição dos chamados diários secretos, inclusive com dados e datas incorretas em visível esforço para confundir as investigações”.
Ontem, Sternadt explicou que a manipulação foi decisiva para ele deferir o mandado de busca e apreensão e que a ação dentro da Assembleia era necessária para não atrapalhar as investigações. “Esse foi o principal motivo do deferimento da busca e apreensão nas dependências da Assembleia Legislativa. No pedido [de busca e apreensão], o MP noticiou que diários estavam sendo rodados na gráfica da Assembleia, onde inseriam dados e datas incorretas a fim de manipular as investigações”, reafirmou o magistrado.
Sternadt ainda lamentou ontem, em entrevista à reportagem, as declarações feitas pelo presidente da Assembleia, deputado Nelson Justus (DEM), que o chamou de “despreparado” e “[juiz] reserva” (Sternadt é juiz substituto).
“Eu lamento as palavras proferidas pelo ilustre presidente da Assembleia, notadamente porque ele não escolheu o local correto para se insurgir contra uma decisão judicial. Ele preferiu a tribuna [da Assembleia] ao tribunal”, disse o juiz. “As palavras que o nobre deputado usou também não foram felizes, procurando desacreditar ou ofender o juiz. Não é o melhor caminho. Não são as melhores palavras. Não é o melhor estilo de questionar decisões judiciais.”

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