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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Plano interfere no atendimento

93% dos médicos reclamam que as operadoras de saúde atrapalham sua autonomia na prescrição de tratamentos
Nove em cada dez médicos de São Paulo desaprovam os planos de saúde com que trabalham, acham que eles interferem em sua autonomia e que isso prejudica o atendimento. Em pesquisa feita pelo Datafolha, a pedido da Associação Paulista de Medicina (APM), a nota média atribuída pelos médicos às operadoras foi de 4,7, de zero a dez.
Segundo o estudo, 93% deles afirmam sentir interferências dos planos de saúde em seu trabalho. Entre as queixas, dizem que não recebem por procedimentos feitos, que os planos limitam o número de exames e que a burocracia das operadoras retarda a internação de pacientes.
“Isso causa grave prejuízo a quem trabalha e à população que tem recursos financeiros para garantir à família um atendimento melhor e não consegue”, diz o presidente da APM, Jorge Curi.
A pesquisa ouviu médicos de todas as especialidades. Segundo Curi, “as especialidades que exigem maior conversa com o paciente, como pediatria, clínica e obstetrícia, são as mais prejudicadas”. Desiré Callegari, diretor do Con selho Federal de Medi cina, diz que muitos clientes recorrem à Justiça para conseguir fazer exames.
A Amil, sexta maior operadora de São Paulo em número de clientes, aparece como a que mais interfere no trabalho do médico em cinco de sete quesitos.
As entidades médicas cobram da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que regule os planos para que desburocratizem o atendimento aos pacientes. Atualmente, há 17,6 milhões de usuários de planos médicos em todo o estado.
Outro lado
Procuradas, as operadoras se pronunciaram por meio de nota da Federação Nacional de Saúde (FenaSaúde), que tem os planos Medial, Intermédica, Amil (considerados na pesquisa os três piores) e SulAmérica (também citada) como associados. A entidade afirmou considerar o médico “soberano no diagnóstico e tratamento”.
A entidade afirmou ainda que seus afiliados não fazem restrição ao acesso aos serviços, como internações e exames, “desde que estejam previstos nas coberturas contratuais”. Já a Associa ção Brasileira de Medi cina de Grupo (Abramge) disse “não fazer parte de suas atribuições discutir remuneração aos prestadores de serviço”.
A Cassi, citada pelos médicos co mo um dos quatro piores planos, disse que as glosas, item em que aparece com o maior índice de insatisfação, “ocorrem com base em não conformidades dos procedimentos definidos como padrão da empresa’’. Glosas são a recusa parcial ou total de uma fatura pela operadora por considerar sua cobrança indevida, por erro ou omissão de alguma informação nas fichas de atendimento ou pedido de pagamento. A ANS não quis se pronunciar.

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