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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Playboy do Graciosa anda nervosinho...

Pesquisas não divulgadas deixam candidatos nervosos

...não é compreensível é que se faça uso da Justiça Eleitoral para fins puramente estratégicos de interesse político-eleitoral, obrigando-a a decidir sobre firulas de questionável relevância jurídica.


A reta final da campanha para governador do Paraná está a cada dia mais emocionante. As duas coligações transformam em petardos os números de suas supostas sondagens internas para atirar no adversário. Nenhum dos dois, no entanto, consegue esconder o nervosismo causado pela expectativa quanto a novas pesquisas que estão em fase de coleta para divulgação até o fim desta semana.
A tal ponto esse nervosismo chegou à flor da pele que, ontem, a coligação de Beto Richa conseguiu que a Justiça Eleitoral proibisse a divulgação de uma pesquisa do respeitável instituto Vox Populi, registrada no TRE e com resultados previstos para o fim de semana. A assessoria jurídica do candidato alegou a desobediência, por parte do Vox Populi, de formalidades legais na elaboração da amostra, com o que o juiz auxiliar Juan Sobreiro concordou e concedeu a liminar pedida. O detalhe é que a mesma metodologia agora contestada foi usada nas três rodadas anteriores do mesmo instituto, sem contestação.

A providência, embora cause estranheza, tem explicações – que não são exclusivas da campanha de Beto Richa. Quase todos os candidatos temem o efeito das pesquisas na reta final da disputa e preferem silenciar os institutos.
Qualquer resultado que novas pesquisas apresentem nessas vésperas da eleição pode ser fatal para um dos lados. Imagine-se, por exemplo, o estrago que faria ao moral da tropa de Osmar Dias se uma das próximas pesquisas – seja do Vox Populi ou dos demais institutos independentes – mostrasse Beto Richa muito à frente. A dez dias da eleição, um acontecimento desses pode desmontar a cadeia de apoios de Osmar e engrossar as hostes de Beto a ponto de garantir-lhe a vitória.
O contrário também é verdadeiro: a inversão dos índices apontados até aqui, invariavelmente favoráveis a Beto Richa, pode significar a consolidação das tendências de crescimento que vinham sendo mostradas nas últimas rodadas. O que, sem dúvida, causa temores.
Pesquisa, dizem todos os políticos, não vencem eleições. Como argumento válido, eles citam inúmeros e verdadeiros casos em que um candidato que se apresentava muito atrás nas previsões acaba sagrando-se vencedor. E vice-versa. Quando convém, porém, as pesquisas de institutos respeitáveis costumam virar peça forte de campanha se o candidato interessado estiver na frente. Pesquisa desfavorável, no entanto, é melhor esconder. Ou, se houver dúvidas ou suspeitas quanto ao que possam dizer os números ainda desconhecidos, o melhor a fazer é afastar o risco agora para não correr atrás do prejuízo mais tarde.
Tais cuidados são até compreensíveis. O que não é compreensível é que se faça uso da Justiça Eleitoral para fins puramente estratégicos de interesse político-eleitoral, obrigando-a a decidir sobre firulas de questionável relevância jurídica.

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