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sábado, 9 de outubro de 2010

Carlos Chagas - SERRA NÃO CONDUZ: É CONDUZIDO


Por Carlos Chagas

Faltasse mais uma evidência de que José  Serra perdeu as condições de conduzir sua campanha, passando  a ser conduzido, e mal, aí está a inclusão de Fernando Henrique nos discursos e na  propaganda gratuita do PSDB e afins  pelo rádio e a televisão. O Alto Tucanato impôs ao ex-governador a volta ao passado como penhor da conquista do futuro. Pode ter sido por desespero, por incompetência ou ranhetice, mas a verdade é que Serra cedeu. No fundo, não quis abrir uma nova frente de dificuldades em sua campanha. Não custa nada providenciar  imagens onde aparece ao lado do ex-presidente, muito menos referências ao governo dele. O problema será convencer o eleitorado de que as privatizações estiveram na base da recuperação econômica do país. Ou, pior ainda, de que o neoliberalismo foi o responsável pelo sucesso do governo Lula.

No início da campanha, em entrevista à Jovem Pan, Serra desconversou quando perguntado sobre o papel do sociólogo em seu governo, caso fosse eleito. Disse que ex-presidentes da República situam-se em patamares superiores àqueles ocupados pelos pobres mortais. Convocá-los para o ministério ou dar-lhes a função de conselheiros de governos   posteriores equivaleria a diminuir sua importância no processo histórico.

Fernando Henrique sentiu o golpe, tanto que passou a lançar farpas sobre a estratégia político-eleitoral de seu ex-ministro. Sempre que pode, em entrevistas variadas, criticou os antigos companheiros e, mesmo subliminarmente, admitiu comparações entre a sua administração e a atual, do Lula, visando sempre limitar e engessar um hipotético governo José Serra. Mesmo assim, na campanha, ficou isolado. Agora, volta a ser conduzido no andor sustentado por Aécio Neves, Sérgio Guerra, Tasso Jereissati e outros tucanos. Seu ego por certo inflará ainda mais, ainda que nem um voto, sequer, possa acrescentar ao candidato.

No auge da disputa pelo primeiro turno, quando ainda empatava com Dilma Rousseff, nas pesquisas, Serra perdeu outra oportunidade de afirmar sua liderança e seu comando quando aceitou a imposição de um desconhecido candidato a vice-presidente, indicado pelo DEM. O ideal seria Aécio Neves, que se manteve irredutível na recusa. Sendo assim, caberia ao candidato buscar outro nome  de envergadura, fosse no arraial dos aliados, fosse no próprio ninho tucano. Perdeu  pontos e votos  ao aceitar, sem discutir, o deputado Índio da Costa, que ninguém conhecia.

O resultado aí está. Não será exaltando o Plano Real nem sustentando a excelência das privatizações que José Serra conquistará os 17% do eleitorado de que necessita para bater a adversária.

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