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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

País vai mal em cuidados paliativos, mas preocupação começa a crescer

Folha de São Paulo (via Boletim Eletrônico do NEMS-PR)

Quando o assunto é cuidados paliativos, o Brasil faz péssima figura. Estudo da revista "The Economist" comparou o tratamento dispensado a pacientes terminais em 40 países e colocou o Brasil na 38ª posição. Só Índia e Uganda se saíram pior.
As razões para a má performance são muitas. Os problemas começam nas faculdades de medicina, onde os estudantes são treinados apenas para salvar vidas, não para proporcionar conforto aos que estão morrendo.
A falta de familiaridade com cuidados paliativos faz com que muitos médicos evitem prescrever analgésicos opioides, por temer que o doente fique dependente. Embora isso seja raro em pacientes terminais, muitos deles acabam padecendo de dores que seriam evitáveis.
No plano legal, a situação é pior. Enquanto nos países desenvolvidos existem normas que garantem a autonomia do paciente, facultando-lhe tomar todas as decisões sobre o tratamento, por aqui há um vácuo legislativo. Exceto por uma lei paulista, não existe o reconhecimento formal de que o paciente tem direito de recusar tratamento.
Dispositivos como os "living will", nos quais o paciente antecipa se quer ou não ser submetido a procedimentos que prolongam a vida, tão usados em outros países, não têm valor legal aqui.
A boa notícia é que a preocupação com os cuidados paliativos está crescendo, passo que antecede mudanças de maior envergadura.

Guia de cuidados paliativos para crianças com câncer é lançado nesta sexta
Folha de São Paulo
Dos 7.000 novos casos de câncer que todo ano atingem crianças no Brasil, cerca de 70% são curados. A essa minoria que vai morrer é preciso oferecer cuidados paliativos específicos.
É óbvio que se discute mais a qualidade de vida dos idosos terminais. Mas "quando se inverte a ordem natural das coisas", como diz a psicanalista Claudia Epelman, fica tudo mais complicado.
"É muito complexo lidar com a criança que perdeu a condição dos cuidados curativos, desde a medicação para aliviar a dor, que é diferente, até as formas de assistir, dar conforto e garantir sua dignidade", diz Epelman.
A especialista (ela coordena o grupo multidiscilpinar da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica e do Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital Santa Marcelina) ajudou a elaborar o guia de cuidados paliativos do INCTR Brasil (Associação Internacional para Tratamento e Pesquisa do Câncer).
O manual, dirigido a profissionais da saúde, é lançado hoje, em Curitiba, durante no Congresso Brasileiro de Oncologia Pediátrica.
O guia repisa a importância das ações multidisciplinares no serviço aos pacientes oncológicos. Muitos dos seus tópicos incluem orientações especiais para o atendimento de pacientes infantis.
Desenhos
É comum as famílias desses doentes cultivarem a ideia de que é preciso proteger a criança da realidade -quando a orientação profissional é a de que se deve, do diagnóstico até o fim, passar as informações da forma mais honesta, de acordo com o grau cognitivo do doente.
"Nossa experiência mostra que a criança tem um saber sobre a gravidade da doença. Ela fala da morte, do medo de morrer, do medo de ser substituída, de ser esquecida. Quando não expressa claramente suas angústias, demostra por meio de desenhos e atitudes."
Na visão da psicanalista, que também é diretora do INCTR Brasil e vice-presidente da TUCCA (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer), os cuidados paliativos "avançaram muito" no Brasil, na última década.
O próximo passo, para dar conforto a crianças e adolescentes em cuidado paliativo, é a construção do primeiro "hospice pediátrico" do país.
Hospices são casas para os doentes passarem as últimas semanas de vida, com todo o suporte médico de que precisam, mas ao lado da família e sem aquele ambiente e aquelas restrições típicas de hospital. Mas é só projeto.
Gerenciamento de sintomas
Náuseas e vômitos
O remédio deve ser escolhido conforme a causa do problema (quimioterapia, irritação gástrica, infecções etc.). Evite cheiro de comida e odores desagradáveis à criança.
Falta de apetite
Ofereça porções menores e com maior frequência dos alimentos preferidos da criança. Use pratos pequenos e canudos para os líquidos.
Constipação
Quando possível, incentive o aumento da ingestão de líquidos e de exercícios. Se for iniciado tratamento com opioides, recomenda-se o uso de laxantes para tentar prevenir a constipação.
Fonte: INCTR Brasil

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