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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Rosana Del Bianco: Fábrica de remédios para aids significa emancipação

por Conceição Lemes no Vi o Mundo

Moçambique é um dos países mais afetados  HIV no mundo. São cerca de 1,7 milhão de infectados em uma população de 21,4 milhões de pessoas. Em 2009,  100 mil eram tratados com antirretrovirais — os  “coquetéis” de  remédios contra aids. Atualmente,  são 200  mil.
A boa notícia. O número de moçambicanos tratados deverá aumentar. Nesta quarta-feira o presidente Lula visita em Maputo as instalações da futura fábrica de antirretrovirais daquele país. É a primeira 100% pública do continente africano e deve começar a funcionar em 2011. Ela é resultado de um acordo firmado em 2008  entre Moçambique e Brasil, que investirá US$ 20 milhões no projeto de US$ 26 milhões.
“Os antirretrovirais que  utilizamos aqui são comprados na Europa, Índia ou Estados Unidos e custam muito caro por causa do transporte”, afirma Leonardo Chavane, porta-voz do Ministério ministério da Saúde de Moçambique. “A fábrica aumentará o volume dos medicamentos disponíveis e baixará o custo, melhorando o acesso dos moçambicanos ao  tratamento.”
“A fábrica representará a emancipação de Moçambique no setor de remédios para aids”, festeja a infectologista Rosana Del Bianco, que há dez anos vive na “ponte-aérea” São Paulo-Maputo. ” Além de suprir todas as necessidades locais, permitirá, a longo prazo, atender a outros países do continente africano.”
” Como Moçambique carece de profissionais de saúde, o projeto da fábrica contribuirá para envolver mais gente nas ações de tratamento e prevenção da aids”,  prossegue a médica. “Afinal, a parceria Brasil-Moçambique deve gerar conhecimento no processo de transferência de tecnologia e auxiliar o país a se desenvolver econômica e socialmente.”
Inicialmente,  a fábrica vai apenas embalar os remédios enviados, a granel, pelo Brasil. Depois, os moçambicanos vão desenvolver os próprios antirretrovirais e outros medicamentos. Para executar o projeto lá, o Ministério da Saúde do Brasil designou o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), principal laboratório público produtor de medicamentos para o Sistema Único de Saúde (SUS).
A propósito. A cooperação Brasil-Moçambique na área de aids vem de longa data. A doutora Rosana Del Bianco atua desde o começo. Confira esta entrevista que ela nos deu no início de 2009. Vai entender melhor por que  está festando a implantação da fábrica de remédios lá.
Trazido do Viomundo antigo; foi publicado em 24 de abril de 2009
por Conceição Lemes
Das mais de 33 milhões de pessoas que viviam com o HIV no mundo em 2007, 67% eram da África subsariana. Um total de 22 milhões de adultos e crianças nos 47 países ao sul do deserto do Saara. A região meridional do continente continua a ser desproporcionalmente a mais atingida: 5 milhões de infectados e 640 mil óbitos por aids (37% do total no planeta) em 2007. As estimativas, divulgadas no final de 2008, são do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids s (Unaids) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Há sinais pontuais de respostas positivas a ações em vários países da África devido a maiores investimentos”, observa o médico epidemiologista Pedro Chequer, coordenador do Unaids no Brasil. “Mas a falta de infraestrutura geral dificulta bastante o combate da epidemia.”
A República de Moçambique é um dos países onde o HIV é mais prevalente: dos seus quase 21 milhões de habitantes, estimam-se que mais de 2 milhões estariam infectados.

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