por Thiago Henrique da Silva no blog Saúde com Dilma
Conhecendo os processos de trabalho dentro de uma OS eu digo: quem está na gestão ignora como o trabalho será feito e ignora a qualidade da atenção aos usuários, ou seja, não se importa com quem atende e com quem é atendido, se importa apenas em obter do trabalhador aquilo que supostamente está pagando!
Trabalhei em duas OS´s diferentes aqui em Minas Gerais, numa como Médico de Família e noutra como Plantonista de PS (infelizmente o SUS em uberlândia é completamente entregue a elas, excetuando o HC). Digo isso pra que depois não chegue algum comentário dizendo que não conheço o modelo de gestão.
As duas OS´s se utlizam de modelos de gestão importados de SP e do PR, e a cobrança se faz da mesma forma, por procedimento. O Plano diretor de atenção primária do Estado de MG traz à tona o debate dos indicadores e grupos de risco, e orienta a atenção prioritariamente a estes grupos, porém, sem dar muito alarde, cobra cotidianamente dos profissionais um numero de consultas por turno totalmente incondizente com qualidade na atenção, e pior ainda, ignora o território e as limitações políticas do sistema local de saude.
Ao fazer isto, coloca nos ombros dos trabalhadores toda a responsabilidade das deficiências de um modelo tecnoassistencial ainda hospitalocentrico (importado por estas UBS´s), centrado no médico e no consumo de medicamentos. Temos de dar conta da demanda programada dos grupos de risco colocados pelo PDAP, por uma demanda espontanea imensa, e mais, dar conta de atender aqueles usuários que são simplesmente ignorados pelo PDAP (aqueles que não são crianças, que não são gestantes, que não são pacientes da saúde mental, que não vão colher papanicolau, mas estão submetidos aos mesmos processos de adoecimento!!)
Indicador de qualidade? Existe, e se chama Chumbo Grosso, o programa de variedades e estupidezes policial local, à semelhança do Datena de SP. Quanto menos aparecer no Chumbo Grosso, e quanto menos Boletins de ocorrência forem feitos pela polícia, melhor. Assim é o pensamento nas unidades de pronto-socorro.
A ouvidoria, que serviria como um canal de controle social e avaliação da gestão, se transforma numa bancada de recebimento de queixas que em NENHUM momento servem aos gestores para uma mínima reflexão acerca dos acertos da política, só servem para perseguir e punir os profissionais.
E como não poderia deixar de existir numa OS: o medo de demissão constante, caso não “ande na linha”. Para se ter uma idéia, aqui @s Enfermeir@s são os coordenadores das UBS´s, e ele tem o poder de lhe imputar uma advertência. O problema, é que 3 advertências significam demissão pela OS. E você pode ser advertido simplesmente se se negar a operar do jeito que lhe mandam, contrariando inclusive o código de ética da nossa profissão.
Perseguição política? Lógico que tem. Certo dia fui a um debate justamente sobre as OS´s na Saúde da Cidade, me posicionei do plenário, e ao encerrar o debate Às 23:20 fui tomar uma cerveja com os amigos. às 08:00 do dia seguinte, a “coordenadora” de minha UBS veio à mim questionar se eu havia feito “comentário negativos acerca da secretaria de Saúde”.
Pois é. Depois desta experiência nefasta, apenas afirmei e adicionei conhecimento de causa ao debate que já tinha sobre as OSs.
E pra finalizar dialogo com Douglas: não camarada, as OS não pagam, acham que pagam. Oferecer um salario ao profissional nem chega perto de pagar pela saúde da população. Pra pagar a conta da Saúde, e bem paga, o modelo de OS é algo que deve ser extirpado do SUS, afinal, falando o bom português, tiremos os atravessadores do caminho!
Nenhum comentário:
Postar um comentário