Comunicadores instantâneos, VoIP e plataformas sociais ajudam na hora da consulta virtual
A cena está se tornando comum. O paciente chega em um consultório médico e, antes de o especialista falar, ele já começa a dizer todos os sintomas, apontar as soluções para a doença e, por vezes, ainda debater com o doutor, utilizando o argumento “pesquisei na internet e acho que é o caso de tomar outro remédio”. Uma realidade que foi objeto de estudo. Segundo pesquisa divulgada pelo instituto Ipso MORI, 86% dos brasileiros com acesso à internet utilizam a rede para buscar orientações sobre saúde, remédios e suas condições médicas. Percentual que coloca o país no quinto lugar no ranking do estudo, feito com 12 países.
A pesquisa revelou, ainda, que, dos 68% que buscam on-line informações sobre medicamentos, 45% procuram se informar sobre hospitais e 41% querem conhecer na internet experiências de outros pacientes com o mesmo problema de saúde. “As pessoas conseguem conhecer mais sobre o corpo humano e as doenças e, assim, conversam de uma outra forma com os profissionais da saúde. Por outro lado, há muitas informações truncadas na rede que podem gerar problemas”, explica o médico Gustavo Gusso, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC).
Consultas médicas pela internet, via Live Messenger e Skype, no Brasil, ainda parecem ser um pouco distantes, mas devem diminuir as longas esperas por atendimento. “Isso sempre foi muito benéfico, o que não pode é substituir integralmente a consulta presencial. É importante que o médico saiba lidar com isso também. Alguns problemas de saúde, ou quando já conhecemos o paciente ou quando é apenas um retorno, não há problema nenhum utilizar esses métodos. É uma alternativa que tem que ser valorizada, sempre com alguns critérios”, afirma Gusso.
Nos Estados Unidos, por exemplo, fazer consultas pela internet é comum. Existem planos de saúde que oferecem médicos em tempo integral na rede. O paciente pode ligar o programa de VoIP e conversar sobre todos os sintomas com o especialista. Há até mesmo planos pré-pagos. Por US$ 35, o usuário tem direito a uma consulta. A receita médica é enviada pelos correios ou por e-mail.
O interesse por novas formas de interação também é grande. Mais da metade (55%) gostaria de usar a rede para marcar as consultas e 54% mostram interesse em receitas e em resultados de exames on-line. “A tendência é de que o consumidor faça isso cada vez mais. Depois de pegar o laudo na internet, ele vai pesquisar. Isso pode trazer mais esclarecimentos para o paciente, além de tirar dúvidas com o médico”, afirma Lídia Abdalla, superintendente técnica do laboratório Sabin. A empresa possui há 11 anos uma seção no site para que pacientes e médicos consultem o histórico dos exames de saúde.
Redes sociais
Apesar do conforto em não ter que sair de casa, não dá para confiar em todas as informações que se lê. De acordo com a pesquisa, apenas 25% das pessoas verificam as fontes das informações de saúde disponíveis on-line. “Às vezes, problemas raros de são abordados na internet como se fossem comuns. Tem que haver informação do médico também”, ressalta Gusso da SBMFC.
Facebook, Orkut e até MySpace são fontes de informação nessa área para pessoas mais jovens. Quase 25% das pessoas entre 18 e 25 anos publicaram no perfil perguntas e comentários sobre o assunto, de acordo com a pesquisa.
Há seis anos a pediatra Thelma Oliveira mantém na rede social do Google a comunidade Pediatria Radical. “Quando começou, eu queria interagir com as mães, não como um consultório, mas como um ponto de troca de ideias”, explica. Todos os tipos de dúvidas são postados na página, que já tem mais de 15 mil usuários. A maior parte das informações são trocadas entre os participantes. A médica só interfere quando o assunto é mais complexo. “Quando a dúvida é mais elaborada, eu respondo como pediatra, mas sem tomar iniciativa além do que o médico orientou. Não fazemos a substituição de conduta”, afirma.
Na Índia e no México, as consultas sobre saúde por meio da tecnologia são feitas em maior proporção por e-mail e mensagens de texto. Cerca de 36% dos indianos utilizam o correio eletrônico para se corresponder com o médico e 35% enviam torpedos com dúvidas e informações. No México, a proporção é parecida, sendo 38% via e-mail e 35% por SMS.
Dados curiosos
A pesquisa do Ipso MORI indicou ainda outros hábitos daqueles que procuram informações sobre saúde na rede. As mulheres são mais propensas (86%) a usar a internet para questões de saúde do que os homens (77%). Os EUA e o Reino Unido apresentam maior tendência do que qualquer outra nação a procurar informações on-line para diagnóstico (58% de ambas as populações), seguidos por China e Rússia (ambas 56%).
Preocupação com o prontuário
A empresa de criptografia de dados SafeNet encomendou uma pesquisa nos Estados Unidos para saber o quanto a população adulta americana efetivamente está atenta à segurança das informações pessoais. O levantamento revela que pouco mais da metade dos entrevistados (52%), está preocupada com a segurança dos dados pessoais que constam em seus registros médicos. O percentual fica atrás no ranking das preocupações dos americanos, que dão mais atenção às formas de segurança de sua identificação pessoal constantes de registros de segurança social (83%), nos dados bancários (83%) e nas informações gerais públicas para contato (56%). “Se os registros médicos forem violados, essas informações podem ser utilizadas de forma mal-intencionada e complicar a vida de muita gente”, comenta Tsion Gonen, vice-presidente corporativo da SafeNet.
Ranking
1º – Rússia - 96%
2º – China - 92%
3º – Índia - 90%
4º – México - 89%
5º – Brasil - 86%
6º – França - 59%
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