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terça-feira, 20 de março de 2012

Sobre corrupção e corruptores


Na década de 70 do século passado, algumas pessoas muito próximas a mim trabalhavam ligadas a empreiteiras da construção civil. Lembro de forma muito clara os relatos e as histórias e estórias do vale-tudo e dos conchavos que rolavam na disputa de cada "licitação". Estávamos ainda sob o jugo da ditadura militar, e era a época de ouro das grandes obras de engenharia.

Uma estória que me contaram era sobre o representante de uma empreiteira que pretendia furar o acerto prévio em uma licitação. Os outros "concorrentes" descobriram. O camarada ficou preso "por mero acaso" no elevador não conseguindo chegar a tempo para a entrega dos envelopes.

Estas histórias de 40 anos atrás voltaram a minha cabeça quando assisti a reportagem da "RedeGrobo" sobre a corrupção em serviços de saúde. 

Os mesmos métodos, a mesma "ética do mercado", a mesma cara-de-pau dos protagonistas.

Doeu fundo aquele indivíduo declarando solenemente (com expressão de presbítero acima de qualquer suspeita) que "uma coisa eu sempre digo para os meus filhos"...  Em outras palavras, o "ensinamento" poderia ser resumido assim: "Eu, o corruptor, protejo o corrompido, que em troca dos favores que eu lhe concedo, me proteje também". 

A Máfia e a Camorra não teriam feito melhor. Ética entre gangsters.

Esta turma toda deve engrossar as manifestações das Associações/Federações de empresários (FIRJANs, FIEPS e FIESPs) que vociferam pelo Brasil afora contra a carga tributária, contra a interferência do Estado na economia e manifestando repúdio contra "a corrupção do governo".

Vai faltar vassoura.

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