A pré-candidata à Prefeitura de Londrina, Márcia Lopes, e também ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, participou no sábado (12) do Programa Cidade Entrevista, apresentado pelo jornalista Gelson Negrão, na Rede Massa. Ela, que além de professora é assistente social, discorreu sobre a importância da adoção de programas sociais como políticas de Estado e das consequências que tiveram as ações neste sentido durante sua gestão, inclusive citou a redução da mortalidade infantil. A ex-ministra também falou sobre eleições 2012.
MInistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, nos oito anos da gestão de Márcia Lopes, tornou-se o terceiro maior ministério em recursos orçamentários do Governo Federal, passando de R$ 6 bilhões a R$ 40 bilhões
"Nós reduzimos a desnutrição de 12,4% para 4%. Nós reduzimos a fome. Nós elevamos, mais de 40 milhões de pessoas mudaram de classe, tiveram acesso à classe C. Nós temos hoje, como Londrina, a metade da população já na classe C. Então, isso significa uma mudança radical daquilo que nós tinhamos a dez anos atrás em termos de indicadores sociais e daquilo que nós temos hoje. Quando a gente muda os indicadores, isso significa que o patamar de desenvolvimento do país também muda, a qualidade de emprego, as melhorias salariais, os investimentos das universidades, os investimentos das empresas, das indústrias, do comércio", destaca.
Enquanto professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL) coordenou um projeto de extensão universitária, no qual possibilitou o conhecimento da realidade de muitas comunidades que aqui no Paraná passam por situações delicadas, famílias que vivem em situação de pobreza. "Fomos a mais de 100 municípios, subíamos em uma kombi com os estagiários juntos, e íamos lá falar com o prefeito, conversar com os conselheiros tutelares, conversar com as famílias, preparar os profissionais pra ter um planejamento local da cidade no sentido da inclusão social, no sentido de motivar um planejamento daquela comunidade, a partir de um diagnóstico, exatamente pra identificar como as pessoas vivem, onde elas moram, quem está fora da escola, se têm jovens usuários de drogas, a partir desse diagnóstico a perspectiva de fato de criar soluções e criar respostas", recorda.
Márcia Lopes também comentou sobre uma crítica contumaz às políticas sociais do Governo Lula de que o ex-presidente teria "dado o peixe, ao invés de ensinar a pescar". Ela disse que na verdade o problema era outro, "não havia o rio onde pescar o peixe, não havia oportunidade". De acordo com a ex-ministra, ações de governo teriam mudado essa realidade, como por exemplo, a implantação de cisternas para levar água a populações que viviam em regiões secas, bem como o incentivo à produção. Ela disse ainda que os programas sociais servem de oportunidades, que mais tarde irão permitir que essas pessoas, antes excluídas da sociedade, possam ingressar no mercado de trabalho.
SOCIAL - Durante a entrevista, Márcia Lopes explicou sobre a mudança de paradigmas quanto à questão da assistência social, perdendo o caráter meramente assistencialista. "A lei federal estabeleceu que a assistência social junto com a saúde e a previdência social formava o tripé da seguridade e que deveria garantir, primeiro, um salário mínimo aos idosos e pessoas com deficiência, em situação de pobreza. E, que, a assistência social deveria ser planejada, ter serviços continuados, pois era comum existir programas sociais importantes, mas a cada ano o governo federal decidia se ia continuar ou não, e, às vezes, um projeto com crianças, com idosos, ficava dependendo dessa decisão. Então, a lei veio pra dizer que a assistência social tem que ser descentralizada, participativa, tem que haver as conferências, a implantação de um conselho municipal, tem que ter fundo público, tem que ter orçamento previsto e um plano. Cada município brasileiro é obrigado a ter um plano de assistência social, definindo ali quais são as metas, os objetivos, o que a cidade precisa. Por isso, essa nossa luta para que a assistência social fosse de fato implementada como um sistema público, porque daí independente de governo esse sistema permanece".
Na avaliação da ex-ministra, o novo modelo tem produzido resultados. A exemplo disso, ela conta sua cruzada por nove estados brasileitos, com a realização de 35 conferências, na qual, segundo ela, foram denotados o funcionamento do sistema, tais como a implantação dos centros especializados, entre eles, o Centro de Referência de Assistência Social, que conta com equipes multidisciplinares para trabalhar e acompanhar as famílias.
Ao ser questionada pelo jornalista Gelson Negrão porque ainda há a sensação de que falta muito a ser feito, a ex-ministra disse que o Brasil demorou muito para entender isso. "O Brasil fez escolhas muito erradas, o Brasil ele foi pelos governos, pelas decisões tomadas, ele foi criando esse espaço, esse vazio entre um grupo que usufruia da riqueza produzida e uma grande parte da população brasileira que não tinha acesso", alega.
De acordo com ela, o Ministério do Desenvolvimento Social ao início da sua gestão contava com um orçamento de R$ 6 bilhões para todos os municípios. Oito anos depois, quando Márcia Lopes deixou o ministério, esses recursos já representavam R$ 40 bilhões, mas ela ainda vê como muito pouco para conseguir universalizar as políticas sociais, dando acesso a todos.
"Tenho uma grande honra e responsabilidade de atender essa convocação, esse convite do Partido dos Trabalhadores e faço isso com muita alegria, com muita simplicidade e de fato como um desafio imenso, poder me apresentar como pré-candidata à prefeita da nossa cidade"
ELEIÇÕES - O tema eleições municipais também fez parte da pauta de entrevistas. Ao final, Márcia Lopes comentou sobre esse novo desafio, o de disputar a Prefeitura de Londrina: "Tenho uma grande honra e responsabilidade de atender essa convocação, esse convite do Partido dos Trabalhadores e faço isso com muita alegria, com muita simplicidade e de fato como um desafio imenso, poder me apresentar como pré-candidata à prefeita da nossa cidade".
PERFIL - A paranaense Márcia Lopes nasceu em Londrina, em 13 de junho de 1957. Formada em Políticas Sociais pela PUC de São Paulo. Há 30 anos é assistente social e professora da Universidade Estadual de Londrina. Márcia Lopes é casada com o Professor Paulo da Costa Lopes, tem quatro filhos e três netos. É filiada ao Partido dos Trabalhadores desde 1982.
A vida pública começou em 1993 como Secretária Municipal de Assistência Social, pasta que foi implantada naquele mandato. Durante sua gestão, implementou diversos programas de atenção à população em situação de pobreza.
Foi Conselheira Nacional de Assistência Social – CNAS, Conselheira Estadual de Assistência Social e Conselheira Municipal de Assistência Social. Além de Conselheira dos Direitos da Criança e Adolescente – CONANDA.
Em 2000, foi eleita vereadora em Londrina, sendo a mais votada do PT. Teve uma atuação efetiva como vereadora, promovendo várias audiências públicas sobre diversos temas de interesse da sociedade. Em 2004, assume o cargo de Secretária Nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), a convite do então Presidente, Lula.
Entre 2005 a 2007, torna-se Secretária Executiva do mesmo ministério, onde coordenou a implantação e operação de importantes programas sociais que se tornaram a marca da gestão do presidente na área social. Em 2007, também assume no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) o cargo de coordenadora da Rede de Pobreza e Proteção Social dos países da América Latina e Caribe.
Em 2010, é nomeada pelo então preresidente Lula, Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Neste cargo, administrou o terceiro maior ministério em recursos orçamentários do Governo Federal, com 40 bilhões de reais. Empenhados em programas que auxiliavam e ainda auxiliam milhões de pessoas em todo o Brasil.
Aposentou-se como Professora da Universidade Estadual de Londrina em 2011, após mais de 30 anos de contribuição. Neste mesmo ano, teve a honra de ser convidada pelo ex-presidente Lula, para ser membro-fundadora do Instituto Lula, com sede em São Paulo/SP.
Entre 2011 e 2012, Márcia Lopes recebeu convites importantes, como por exemplo, para trabalhar na FAO (organização da ONU para a agricultura e combate à fome) e no Instituto Lula (com países da África). No entanto, declinou dos convites, em atenção à indicação unânime de seu partido e o apoio de diversos setores da sociedade londrinense para disputar a Prefeitura de Londrina nas eleições deste ano.
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