Banco foi plataforma para lavagem de dinheiro do narcotráfico mexicano, da máfia russa e Al Qaeda
no Opera Mundi
O grupo HSBC afirmou ontem (30/07) ter separado mais de dois bilhões de dólares para pagamento de multas nos Estados Unidos e no Reino Unido. Entre 2004 e 2010, o banco serviu de plataforma para lavagem de dinheiro do narcotráfico mexicano, da máfia russa e de membros da organização Al Qaeda, além de ter vendido produtos financeiros que causaram prejuízos a clientes britânicos.
Em um longo comunicado, o presidente do grupo HSBC, Stuart Gulliver, disse estar “profundamente sentido” pelos erros do banco e pediu “desculpas” pelos eventos recentes. Uma investigação do Senado dos Estados Unidos, apresentada em meados de julho, mostrou que o HSBC não tinha qualquer controle sobre as operações de seus clientes na filial mexicana, apesar de avisos de operações atípicas.
O banco separou 700 milhões de dólares para pagar multas nos EUA referentes ao escândalo de lavagem de dinheiro no México e outros 1,3 bilhão de dólares pela venda equivocada de produtos financeiros no Reino Unido. “O que aconteceu no México e nos EUA foi vergonhoso”, disse Gulliver, que promete reestruturar o banco.
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Os valores, apesar de altos, correspondem a apenas 15% do lucro de 12,7 bilhões de dólares do HSBC nos primeiros seis meses de 2012. Os produtos vendidos a clientes britânicos, como seguro para pagamentos, geraram perdas de 667 milhões de dólares a empresas europeias. Há uma semana, o maior banco europeu pagou uma multa bastante inferior, de 27,5 milhões de dólares, pelo escândalo de lavagem de dinheiro.
Crise no setor
O processo contra o HSBC não é a única investigação a pairar sobre os lucros bilionários de instituições financeiras britânicas. O Barclays, segundo maior do Reino Unido, também passa pelo crivo de autoridades regulatórias por ter manipulado a taxa referencial Libor (London Interbank Offered Rate), maquiando a liquidez do banco.
A investigação sobre o Barclays levou a suspeitas sobre outros quatro bancos: Societé Générale, Crédit Agricole, Deutsche Bank e, novamente, o HSBC. Em efeito cascata, outras quatro instituições financeiras entraram na roda, entre elas o Royal Bank of Scotland.
Todos estariam envolvimentos na manipulação da taxa de juros visando lucros exorbitantes. O Barclays já pagou uma multa de 290 milhões de libras esterlinas (cerca de um bilhão de dólares), aplicada pela FSA (Autoridade de Serviços Financeiros). Seu principal executivo, Bob Diamond, norte-americano e ligado ao Partido Republicano, pediu demissão.
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