A União das Nações Sul-Americanas, através do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde, pretende nos próximos cinco anos fomentar uma gradual melhora na saúde dos cidadãos de seus 12 países através de cinco eixos principais: a universalidade da cobertura dos sistemas nacionais, o monitoramento e ataque às epidemias, o acesso aos medicamentos, o maior diálogo com a área sócio-econômica, e a formação de quadros de governo e lideranças no setor.
Rodrigo Otávio na Carta Maior
Rio de Janeiro - A União das Nações Sul-Americanas (Unasul), através do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde (Isags), pretende nos próximos cinco anos fomentar uma gradual melhora na saúde dos cidadãos de seus 12 países através de cinco eixos principais. São eles a universalidade da cobertura dos sistemas nacionais, o monitoramento e ataque às epidemias, o acesso aos medicamentos, o maior diálogo com a área sócio-econômica, e a formação de quadros de governo e lideranças no setor.
“Esses cinco grandes capítulos sem dúvida fazem uma agenda significativa e desafiante para a construção solidária que melhorará tanto a questão técnica da saúde quanto a cidadania dos povos da região”, afirmou Henri Jouval, coordenador técnico do Isags, durante a palestra “o Isags e a Institucionalização da Unasul”, realizada quinta-feira no Rio de Janeiro como marco de aniversário de um ano de funcionamento do instituto.
Após o Centro Estratégico de Defesa, em Buenos Aires, o Isags, com sede no Rio, é a segunda instituição permanente da Unasul, que oficialmente foi lançada em 2008 e tem sua Secretaria Geral localizada em Quito, no Equador. “Nós e o Centro Estratégico de Defesa, institucionalizados, ou seja, instalados fisicamente, mais a Secretaria Geral, estamos funcionando como um ‘esqueleto’ da Unasul, ao redor dos quais serão gerados e consolidados todos os espaços e iniciativas que compõem a ambiciosa proposta do bloco de nações da América do Sul”, disse Jouval.
Com orçamento de US$ 2.400 milhões para 2013, aprovado pelos 12 países em um sistema de cotas que terá seus extremos nos 39% do Brasil e no 0,1% da Guiana, o objetivo do instituto, segundo Jouval, “é fazer análises, estudos e formação de quadros com um sentido de produção de propostas capazes de fortalecer as questões de saúde que circulam no continente”. Para cumprir essa missão, durante o primeiro ano de trabalhos o Isags realizou cinco seminários internacionais, contando com as delegações dos 12 países, para formulação das cinco principais áreas temáticas. Como fruto direto destes encontros foram editados guias técnicos e será lançado no dia seis um livro sobre os sistemas de saúde do continente.
Desigualdade
Os seminários revelaram que o panorama de saúde na região traz desafios complexos, sobretudo pelo tamanho e o crescimento demográfico do continente. O principal desafio Jouval aponta ser a luta contra a desigualdade de padrões e acesso à saúde entre os sul-americanos mostrada por indicadores tais quais cobertura de vacinação, mortalidade infantil, desnutrição e expectativa de vida.
Para o clínico geral e coordenador do instituto os países apresentam, cada um com suas características, problemas na universalidade, equidade e acessibilidade em seus sistemas de saúde.
“Há grandes diferenças entre países. Guiana, Suriname e Bolívia precisam melhorar muito. Chile, Argentina, Brasil e Uruguai já estão em patamares equivalentes aos países desenvolvidos. Mas quando você analisa esses indicadores por país, a desigualdade se repete. No caso do Brasil, regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste têm níveis muito maiores que Norte e Nordeste. Ou seja, você tem que não só enfrentar os desafios que vem pela frente como recuperar o que ficou para trás”, disse Jouval durante a palestra em que substitui um afônico José Gomes Temporão, secretário-geral do órgão.
Banco de dados
Após a suspensão do Paraguai, a presidência pró-tempore da Unasul vem sendo exercida pelo Peru, seguindo a ordem alfabética que determina o rodízio do cargo. Eva Maria, diretora de cooperação técnica de saúde internacional do ministério da saúde peruano, substituiu a ministra Midori Habich no evento e destacou a importância do Isags catalisar e mediar diferentes realidades e avanços regionais.
“Na semana passada participamos da reunião do grupo de desenvolvimento social no Peru, e precisávamos das experiências de outros países. Por isso é tão importante a existência de um instituto como este, que recolha, catalogue e produza material para todos”, exemplificou ela.
Em bloco
Maria destacou ainda a necessidade do Isags como o provedor dos meios para a Unasul se apresentar como um bloco coeso nos fóruns internacionais de saúde. “Como bloco poderemos influir em algumas decisões”, disse ela. “Esse ano já pretendemos participar como bloco dentro da agenda da reunião OMS (Organização Mundial de Saúde), que se está preparando agora. Estamos estudando as propostas do Peru, Bolívia, Uruguai, dependendo dos interesses de cada país, para saírmos com uma proposta conjunta”.
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